quarta-feira, 30 de abril de 2008

O sentimento de prazer despertado através do Belo!

O mestrando do Curso de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Luciano Ezequiel Kaminsk, apresentou o tema de sua dissertação intitulada: “O Belo como símbolo de Moralidade”. Seu intuito é demonstrar que o conceito de belo entendido na filosofia kantiana pode atuar como um símbolo motivador no cumprimento da lei moral. Todavia, não se deve confundir um com o outro, postulando que a compreensão do belo leve o individuo a um agir moralmente correto. É bastante provável que isso aconteça, mas não podemos afirmar com tal precisão.

Na construção de sua pesquisa, muito das obras de Immanuel Kant foram utilizadas, como também alguns comentadores que se utilizam de uma interpretação lógico-semântica da filosofia kantiana. Alguns conceitos-chave foram estabelecidos para a compreensão do trabalho no decorrer de sua apresentação.

O termo “Estética” não tem em Kant o sentido tradicional de “percepção do belo”, mas o sentido geral e original de “percepção sensorial”. Isto é, os juízos podem dividir-se em determinantes – quando tem por característica a sua objetividade – e os reflexionantes – que são subjetivos, próprios do sujeito que percebe. Sendo nesse sentido que falamos de uma percepção do belo que deixa de ser particular e se amplia para uma universalidade.

O sentimento de prazer despertado no sujeito no momento da percepção de um objeto consiste em um juízo reflexionante a priori, pois o tempo é uma forma a priori, que condiciona todas as nossas percepções dos fenômenos.

Desse modo, podemos dizer que, tanto a “matéria” quanto a “forma” fazem parte integrante do fenômeno. A matéria é dada pelas simples sensações ou modificações produzidas em nós pelo objeto e, como tal, só pode ser a posteriori. A forma, ao contrário, não provém das sensações e da experiência, mas sim do sujeito, sendo aquilo pelo qual os múltiplos dados sensoriais são ordenados em determinadas relações.

Portanto, chegamos a um conhecimento que nos permite inferir que as nossas intuições sensíveis são apenas representações dos fenômenos, são constituídas pelas formas a priori da sensibilidade. Por isso, na concepção kantiana a percepção daquilo que é belo não pode ser uma característica subjetiva, pois deve ter um referencial necessário e universal. Ou seja, quando um determinado indivíduo julga um objeto caracterizando-o como belo, estético, perfeito e, simultaneamente, para outro é desprezível, imperfeito, não estamos nos referindo a categoria do objeto, mas sim as percepções desse objeto. Para ambos, a sensação produzida pela percepção do objeto já acontece em um plano de ajuizamento por parte do sujeito, mas no primeiro caso com referenciais universais que permitem sentir prazer quando se percebe esse objeto.
No entanto, surge uma indagação: como saber se determinado objeto contemplado pela minha razão é belo ou não? Esse fato não pode ser considerado subjetivo, embora parta de um sujeito, o objetivo da definição de belo é estabelecer uma contemplação do objeto de forma desinteressada e pura, é o simples fato da percepção do objeto em si que provoca um extasiamento por parte do mesmo. É a partir dessa percepção que podemos falar da possibilidade do belo como instrumento que desperta nos indivíduos a busca por um comportamento moral.

Freud Explica?

Inicialmente partimos de uma frase frequentemente utilizada pelo senso comum: “Freud explica!”. Mas ao analisarmos um filme problemático e provocativo como “Porteiro da Noite” é preciso nos perguntarmos: quais são as possibilidades e, em que condições podemos nos utilizar tanto da Filosofia quanto da Psicanálise para postular um entendimento compreensível para a trama retratada no mesmo?

Este filme produzido em 1974 pela diretora Liliana Cavani, pode ser visto como um exercício de perversão e exploração do Holocausto. Por outro lado, essa abordagem psicológica sugere uma visão sombria de personagens condenados pela Segunda Guerra Mundial. Um dos aspectos que podemos ressaltar é a imagem de uma sobrevivente de campo de concentração como objeto de desejo de um ex-general nazista.

Todo o enredo do filme se passa em Viena no ano 1957, onde uma organização secreta de ex-nazistas se encontravam periodicamente a fim de eliminarem aquelas testemunhas consideradas perigosas, pois, poderiam “abrir a boca” e narrar todos os acontecimentos por elas vividas. Como no próprio filme é dito: “uma testemunha viva, é mais perigoso do que milhares de mortos”. É nesse contexto que surge o retrato de Maximilian, um ex-oficial da SS, que trabalha como porteiro noturno em um hotel elegante.

Imagens do passado pontuam a narrativa presente com freqüência e sugerem que Lucia sobreviveu por ter sido um “brinquedo” nas mãos de Max. Em meio à tensão da crescente ansiedade deles para ficarem sozinhos, Max elimina um ex-prisioneiro que ficara seu amigo. Ele e Lucia estão finalmente reunidos numa cena de paixão violenta e doentia. Em vez de eliminá-la, como lhe ordenam, ele a tranca em seu apartamento e revive o passado com a mesma intensidade que vivera quando a torturava.

O amor obsessivo de Max e Lucia recriam uma situação em que ambos são vítimas. Eles vivem em uma paranóia completa porque são perseguidos, e por isso, não saem mais, a fome e a falta de ar faz com que voltem a um nível quase animal. A confissão de Max de que “ele trabalha à noite porque durante o dia, na luz, ele tem vergonha”, mostra o seu dilema interior.


Enfim, o filme retrata não só a continuação política entre o nazismo do período da guerra e a Áustria de 1957 como também a continuidade psicológica de personagens presos a uma compulsiva repetição do passado. Nem mesmo se quiséssemos explicar todos os aspectos que perpassam essa historia através dos conceitos propostos por Freud, como o id, o ego e superego poderíamos dar conta de explicitar todos os comportamentos mostrados no filme. O ser humano, mesmo com todos esses estudos ao seu alcance, ainda é uma incógnita tanto para a Filosofia quanto para a Psicanálise.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A impossibilidade de julgar a consistência da verdade apenas levando em consideração o encadeamento dos fatos

O filme “A vida de David Gale”, no original (The Life of David Gale, 2003), do diretor Alan Parker, pretende levar o expectador a uma reflexão sobre a eficácia ou não da pena de morte. Todavia pelo estilo de produção e pelo decorrer das cenas, o expectador tende a se prender na trama, que é justamente descobrir a verdade sobre o assassinato que gira em torno do filme. São raras as pessoas que conseguem formular concepções sobre o que é a vida, o que é a morte, qual o conceito de justiça em nossa sociedade, como o ser humano se satisfaz com as evidências e, muito mais raros são os que realmente não ficam presos à realidade como é dita ou formulada pelos fatos, mas procuram incessantemente conhecer e chegar até a verdade. Nesse sentido, é preciso também analisarmos a problemática que circunda o conceito de “verdade”. Sendo esta uma postura norteadora da Filosofia.
No filme, a narrativa da história se passa com um professor de filosofia da Universidade do Texas, David Gale (Kevin Spacey), que por sinal, é ativista de um movimento contra a pena de morte no estado americano. Ele é acusado de assassinar sua colega de trabalho, Constance Harraway (Laura Linney). Por ironia, e é aí que se desenvolve toda a temática do filme, Gale é condenado à pena de morte e três dias antes de sua execução resolve contar sua história à jornalista Elizabeth Bloom (Kate Winslet). Bloom é conhecida por garantir o sigilo de suas fontes, tendo até mesmo passado alguns dias presa por se negar a entregar uma delas.
Gale passa a narrar sua vida à jornalista, e ela fica perturbada com os conflitos éticos profissionais que aparecem. Em vários momentos da trama parece se questionar se está sendo manipulada por sua fonte, quais seriam as intenções de Gale em esperar tanto tempo para revelar sua história, se deveria ou não comprar a defesa do acusado e investigar o assassinato por conta própria. Em meio a pistas que aos poucos vão sendo reveladas exclusivamente para ela, seja pelo professor ou de forma misteriosa, Bloom começa a desvendar o mistério, que caminha para um final de certa forma surpreendente, mas não impressionante.
A jornalista descobre, através das investigações, que tudo não passava de um engano e que na verdade ele era inocente. A intenção de Gale na verdade era provar os erros nos processos de condenação e que havia muitos inocentes morrendo, mas acima de tudo, queria defender os direitos humanos daqueles presos, pois eram considerados “monstros” e por isso, não mereciam piedade. Além de acreditar nessas proposições, também lutava por esse ideal, mostrou personalidade e determinação em suas convicções, mesmo isto lhe custando à própria vida. O que estava fazendo, para ele, era em vista de um bem maior: o da sociedade. Daí surge à questão de como podemos conciliar os nossos desejos aos comuns à sociedade.
Muitas vezes vemos que nosso interesse difere dos outros. É o caso que acontece no filme, pois, a maioria das pessoas defendia à pena de morte. Então, ele se utiliza da prova concreta para fundamentar a sua opinião como verdadeira. Constrói a partir do entendimento de sua filosofia uma argumentação ou prova perfeita capaz de validar seu ponto de vista. Seria como quisesse corroborar o grande equívoco da sociedade em defender os seus direitos em detrimento dos outros. Na visão kantiana poderíamos afirmar a predominância das paixões e desejos em vez da afirmação do ato moral, mesmo que a análise de Kant não seja universal, mas individual.
Mas ao final do filme temos a surpresa: ele planejou sua morte e da sua companheira. Esta atitude causou a divisão entre os expectadores, pois, questionamo-nos até onde vai à moral na defesa pelo que acreditamos, principalmente, quando se trata de uma opinião pouco apoiada pelo sistema. Este ato se torna imoral à medida que se atenta contra a própria vida e se deixa o outro morrer. É uma coragem que parte de uma motivação esfacelada. Mesmo que o intuito seja defender a vida permitindo situação de morte. É uma coragem inútil, pois, o fim não é o próprio homem, embora Gale acredita-se nisso.
Enfim, temos um homem corajoso e muito capaz, mas que poderia utilizar de outros meios para lutar pelo que acreditava meios estes que sejam morais. Teria a oportunidade, mesmo com a corrosão estrutural, de “driblar” tudo isto e iniciar uma luta. Luta esta que, não teria o que se questionar moralmente, pois afirmaria uma proposição sem negá-la ao mesmo tempo. Contudo, ele incorreu no mesmo erro que o Estado, que justifica a pena de morte para proteger a vida. Ou seja, caiu no erro que desejava combater: a contradição de defender a vida através da pena de morte.

O constitutivo da natureza humana em Immanuel Kant

A produção deste vídeo está inspirada na discussão em sala de aula apresenta pelo graduando Jorge Vanderlei da Conceição do 5º período do Curso de Licenciatura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Com o intuito de produzir uma reflexão em torno da problemática que envolve o homem, o Grupo Pallotti Produções apostou alto. Com um "orçamento bilionário", produziu um pequeno documentário em um dos cartões postais mais famosos da "cidade de 1º mundo".

Visando despertar o expectador para a discussão em torno da moral, da ética e do cumprimento do dever, o vídeo relembra as idéias do filósofo alemão, Immanuel Kant, sobre o que é o homem (cidadão do mundo) e se podemos falar de um constitutivo de sua natureza.

A todo o público... a equipe de produção deseja que o material produzido possa ser um apoio para a construção de um pensamento próprio e um questionar-se a si mesmo.

Bom Estudo!

A Psicanálise como experiência Ética

CADERNO DE ATIVIDADES REFERENTE AO VÍDEO

MATERIAL COMPLEMENTAR


A Psicanálise como experiência ética. por Daniel Omar Perez


Segundo o texto escrito por Daniel Omar Perez (além da lei) a psicanálise é a experiência sobre a relação do sujeito com o desejo, na tentativa de satisfação frente à castração simbólica.
Entre o pai da psicanálise e Lacan existe um esforço explícito de colocar ou posicionar esta ciência no estatuto do saber científico.
Freud mostrou que a psicanálise era uma novidade que vinha a destronar o lugar do reinado do sujeito da consciência. O empreendimento psicanalítico buscava constituir – se como terapia e como reflexão da cultura.
Lacan não é omisso no debate, a insistência com a cientificidade da psicanálise aparece na forma de uma aproximação com a lógica e a matemática. A psicanálise não podia ser uma ciência da natureza, como não pode ser um modo da matemática. Entretanto entre Freud e Lacan há uma diferença que está além da escolha do modelo de cientificidade mal sucedida.
Por outro lado a busca de formas, fórmulas, formalização, grafos, matemas e interpretações filosóficas permitiram a Lacan organizar as condições de possibilidade daquilo que entendemos por desejo, estruturar o circuito pulsional e compreender a experiência analítica (experiência de tratamento) como experiência ética. Para Lacan o inconsciente não é – nunca foi – o âmbito das trevas, o irracional, a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística ou a uma relação de oposição neutralizada com a razão. O inconsciente está estruturado como uma linguagem, dirá Lacan.
A filosofia de Kant e Nietzsche marcou os limites da razão e reelaborou a noção de irracional. Nessa história, Freud não sugeriu uma espécie de nu selvagem da razão, mas o funcionamento de outro mecanismo, com outro regime de causas que aquele suportado pelo registro da consciência ou da natureza.
Porém Lacan, em vez de recorrer aos mitos, modela construindo esboços de aparelhos em relação com a linguagem e com aquilo que ela não alcança. Assim, o aparelho do psiquismo humano dispõe – se a partir dos registros do real, do simbólico e do imaginário. Registros estes que permitem trabalhar a relação do sujeito com o desejo como uma experiência ética. É assim que Lacan chama aquilo que está no próprio princípio da entrada na psicanálise.
Enfim, a máxima do sadismo lúdico não nos confronta com o desejo, é a partir do outro que a ordem nos solicita. Em última análise, o sádico é objeto.


O que entendemos por psicanálise em relação à experiência ética?


Qual é a interpretação da psicanálise como experiência ética?
A psicanálise tem que ser pensada a partir da regra, do exemplo para poder agir com os outros. A psicanálise como experiência ética e atitude ética. A ética tem mais a ver com desejos do que com relação com os outros. Lacan coloca a psicanálise ao registro do trabalho científico, uma verdade que tinha consciência, mas não se tratava com a filosofia da mente. A psicanálise não é uma filosofia da mente, mas uma terapia e uma reflexão da cultura. Não é uma terapia como qualquer outra, mas de algum modo, um tratamento terapêutico da neurose e o modo de compreender o produto da cultura.
Com isso, o psicanalista desenvolve diferentes modos, nos quais a psicanálise observa o tratamento clinico entendendo a cura nas suas diferentes perspectivas. E dentro da própria psicanálise, encontramos Freudiano, Lacaniano,..., com diferentes modos de entender a própria terapia e o próprio tratamento das neuroses.
Os críticos literários também tiveram um grande trabalho de análise sobre textos, no que procuraram na figura aquilo que vivia inconsciente entre a escrita e o autor. Com isso, Lacan é exigente no debate e na insistência quando quer aprofundar a psicanálise. Ele tentou levar adiante de um discurso de investigação e de justificação que se identifica com o caráter analítico, e isso não parou por aí, na década de cinqüenta, no qual, deu a mesma continuidade com o próprio Lacan.
Não há como colocar uma psicanálise no interior de uma epistemologia pautada pela a dicotomia mente/corpo, se não apenas como equívoco. Uma psicanálise se relaciona com a ética, como uma experiência da relação do sujeito com os próprios desejos em quanto às regras os separa de um lugar para outro.
O inconsciente nunca foi o âmbito das trevas, a caixa preta ou qualquer coisa que passa a reduzir a uma experiência mística com uma relação de oposição não comprometedora com a ciência. Nisso, a filosofia de Kant marcou o nível da razão e reelaborou a noção de irracional. O inconsciente está estruturado com a linguagem, no qual, dizia Lacan. Não se trata de um semblante, do silêncio, de um falar ou de qualquer coisa, trata-se de entender a lógica, que aparece na superfície significante, de ligação, percepção e contradição.
O aparelho típico humano se estrutura a partir do registro do real, do simbólico e do imaginário. Registro esses que permitem trabalhar a relação do sujeito como desejo e experiência ética. É assim que Lacan chama aquilo que está no próprio princípio da entrada na psicanálise por parte do analisando.
No entanto, Lacan formula a pergunta que atravessa o analisando no início da análise. Pergunta-se: devo eu cometer ou não ao imperativo do super-eu? Para deixar imóvel ter no inconsciente. Diz Lacan e que além do mais, prever cada vez mais na sua instância, na medida em que a descoberta analítica progride, e que o analisando vê defendendo a sua vida. A pergunta pelo devo ou não comprometer ao imperativo super-heróico. Não se restou de uma ética do viver, muito menos de uma ética da prudência ou da afinidade. Lacan costuma dizer o alcance e também o limite que aparece na ética de Aristóteles.
Em todos esses modos de determinação do agir, alcançamos um bem em todos os sentidos possíveis. Quando a gente age com prudência, alcançamos à felicidade; quando o sujeito age em função da lei, alcança a virtude; e quando o sujeito age em função da norma, alcança o bem-comum. Mas, Lacan chama atenção para algo anterior, e implantar a palavra “categoria”, que significa a “coisa”. A “COISA” é anterior em qualquer coisa, o bem da realidade do sujeito em memória própria. Lacan diz que algo se organiza em torno de uma coisa vazia (um vazio).
O sujeito tem a sensação de que alguma coisa se perdeu. O objeto que não sabe que se perdeu na psicanálise se chama coisa, que muitas vezes é representado como fenômeno. A separação do filho e da mãe primordial produz o trauma. Trata-se de um rompimento afetivo de maternidade. É uma busca constante do objeto que foi perdido. Esse objeto perdido é aquilo que orienta o encaminhamento do “sujeito” que o faz para tratar de reencontrar o seu objeto. O trajeto dessa luta estar orientado pelo princípio fraterno de realidade, do real.
O princípio de prazer guia o homem do significante para o insignificante, mas a coisa do objeto perdido não é insignificante, preferir a morte é um pulo para a filosofia. Nesse sentido, a questão ética segundo Lacan, articula-se por meio de uma orientação do referenciamento do homem em relação ao real, assim estar uma pergunta fundamental: existir em conformidade com seu próprio desejo? Na medida em que o desejo está para o além da lei, o risco de encontrar com o nada é inevitável; eis aqui a questão da cura do analisando que entra na relação com o desejo.
A ética do desejo é uma ética sem exemplo, é a abertura para aquilo que não se fecha. Certamente o para além da lei, demanda uma gnosiologia e experiência ética. O vazio da coisa é preenchido temporalmente por coisas que a principio é constituído por objetos que sustenta de uma representação simbólica por uma imagem sublime. Pode-se dizer que se trata de uma fantasia arcaica, como aparecem nos desenhos animados do Patolino e Tom e Gerry, no qual, vai atrás de um objeto de desejo para depois arrebentar, só que, na cena seguinte o objeto volta na sua forma original, ficando novamente novo. O que encontramos aqui, na fantasia arcaica, é de algum modo encontrado na arte, na ciência e na religião.
É a partir do outro que a ordem nos solicita. Em última análise, os sádicos é objeto no sujeito, assim que o dever seria um recalque pela obediência da lei. O gosto do sádico não seria propriamente um para além da lei, uma transgressão da lei super-heróica. Mas uma afirmação da lei de que é possível alcançar esse gosto último que a outra lei proíbe pra tentar regular e determinar a relação entre o sujeito. O sádico se trata da desmedida da lei, da renegação da calculação simbólica por meio do mecanismo da sublimação.



CONTEXTUALIZAÇÃO:


Sigmund Freud (Příbor 1856-1939) foi um médico neurologista judeu-austríaco, fundador da Psicanálise. Interessou-se inicialmente pela histeria e, tendo como método a hipnose, estudou pessoas que apresentavam esse quadro. Mais tarde, com interesses pelo inconsciente e pulsões, entre outros, foi influenciado por Charcot e Leibniz, abandonando a hipnose em favor da associação livre. Estes elementos tornaram-se bases da Psicanálise. Freud, além de ter sido um grande cientista e escritor (Prémio Goethe, 1930), possui o título, assim como Darwin e Copérnico, de ter realizado uma revolução no âmbito humano: a idéia de que somos movidos pelo inconsciente.
Freud, suas teorias e seu tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. Suas idéias são freqüentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico.

Jacques-Marie Émile Lacan (1901 - 1981) foi um psicanalista francês, formado em Medicina, passou da neurologia à Psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e, a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado do sentido da obra freudiana, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).


GLOSSÁRIO:


Cientificidade: caráter do que é cientifico (a essência da conta na matemática). Caráter científico de alguma cosa.
Castração: é aquele que impede de ser eficaz, ou aquele que limita ou anula a iniciativa de alguém.
Consciência: A consciência é uma qualidade da mente considerando abranger qualificações tais como subjetividade. No sentido psicológico, consciência tem duas acepções. Significa conhecimento de si: "tenho consciência de quem sou". Presença a si mesmo.
Desejo: O desejo é uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação. É uma tendência algumas vezes consciente, outras vezes inconsciente ou reprimida. Quando consciente, o desejo é uma atitude mental que acompanha a representação do fim esperado, o qual é o conteúdo mental relativo à mesma.
Destronar: renúncia voluntária, perda de liderança, prestígio.
Lógica: lógica Kantiana que se funda na análise crítica dos princípios puros do entendimento. Aquela que estuda as formas e leis do pensamento, com vistas a determinar quais destas conduzem a verdade e as quais ao erro.
Lúdico: relativo á tendência ou manifestação (artística ou erótica) que surge na infância e na adolescência sob a forma de jogo.
Neurose: O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose e se refere a qualquer desordem mental.
Matemas: Conhecimento da ciência. Uma ciência que estuda as grandezas mensuráveis do mundo físico, bem como sociais e econômicos e que leva em conta a noção de movimento.
Mística: Conteúdo de uma idéia, causa, instituição etc..., ou a atmosfera ou aura da perfeição, verdade, excelência incontestável . Tendência para a vida religiosa e contemplativa.
Mecanismo: conjuntos de sentimentos, representações e tendências comportamentais quando o individuo percebe uma ameaça psíquica, e que o protegem da angústia, de uma tomada de consciência dos conflitos e perigos internos e externos.
Psicanálise: Psicanálise, Teoria da alma (“psique”), segundo definição dada por Freud (1948), neurologista austríaco, e seu fundador, é uma disciplina científica que consiste num método de pesquisa cujo objeto é tornar clara a significação inconsciente das palavras, ações e imagens mentais.
Simbólico: Campo de reencontro, estruturação e tomada de sentido dos fenômenos como uma linguagem; um dos três registros essenciais (juntamente com o real e o imaginário) do campo da psicanálise segundo J. Lacan.
Sadismo: Satisfação, prazer com dor alheia. Caracterizada pela obtenção de prazer sexual com a humilhação ou sofrimento físico.


ATIVIDADES PROPOSTAS:


1-Referente ao texto estudado sobre a psicanálise, crie uma história em quadrinhos apresentando um conceito de fantasia arcaica.


2-Em grupo de três componentes, discuta os principais pontos relevantes do vídeo apresentado sobre a psicanálise.


3-Faça um comentário do vídeo “A Psicanálise como experiência Ética” contendo quinze linhas.


4-Trazer para a próxima aula um conceito do que a sociedade entende por ética para ser apresentado e discutido em sala.


5-Relacionar os dois textos com o vídeo e estabelecer um quadro comparativo através de um cartaz.


6-Reunir-se em grupo e criar uma atividade de palavras-cruzadas, onde os grupos trocarão com os outros esta atividade para que cada grupo resolva uma proposta diferente.


INDICAÇÃO DE FILMES:

- Desenhos animados do Tom e Gerry, Patolino, Papa-léguas.


- O Homem­-Aranha
Título Original: Spider-ManGênero: Aventura Tempo de Duração: 128 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2002


- Matrix
Título Original: The MatrixGênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 136 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 1999


- Inteligência Artificial
Título Original: Artificial Inteligence: A.I. Gênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 146 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2001


- A Laranja Mecânica
Título Original: A Clockwork OrangeGênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 138 minutos. Ano de Lançamento (Inglaterra): 1971


- O Amigo Oculto
Título Original: Hide and Seek Gênero: SuspenseTempo de Duração: 105 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2005



LIVROS:


ARRIVÉ, Michel. Lingüística e: Freud, Saussure, Hjelmselv, Lacan e outros. São Paulo. Ed. da Universidade de São Paulo, 1994.
BEIVIDAS, Waldir. A psicose e o discurso da ciência. In: Sobre a psicose (JOEL BIRMAN, Org.), Rio deJaneiro,. Contracapa Ed., 1999.
BIRMAN, Joel. Entre cuidado e saber de si. Sobre Foucault e a psicanálise. 2 ed.. RJ. Relume Dumará ed., 2000. ed.., Nova Fronteira ed.., 1986.
COELHO DOS SANTOS, Tânia. A difusão da psicanálise na família: um estudo de seus efeitos sobrea mulher. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, 1982. PUC, 149 pp, Memeo.
COELHO DOS SANTOS, Tânia. As estruturas freudianas da psicose e sua reinvenção lacaniana. In: Sobre a psicose. Rio de Janeiro, Contra capa ed., 1999.
DESANTI, J.T. Galileu e a nova concepção de natureza. In: História da Filosofia, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1995.
DUMONT, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. RJ, Rocco ed., 1993.
FERRATER MORA, José. Dicionário de filosofia. Lisboa. Publicações D. Quixote ed.., 1991.
FREUD, Sigmund . Três ensaios sobre a sexualidade. In Obras completas. Vol. VII, Rio de Janeiro, Imago ed,., 1980.
GUENANCIA, P. Descartes. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1991.
JACOBSEN, Mikkel Borch. Lacan: el amo absoluto. Buenos Aires, Amorrotu ed.., 1991.
JAPIASSU, H e MARCONDES, D. – (1990) Dicionário básico de filosofia. RJ, Jorge Zahar ed., 1991.
JURANVILLE, Alain Lacan e a filosofia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1987.
KAUFMANN, Pierre. Dicionário enciclopédico de psicanálise. RJ, Jorge Zahar ed., 1996.
KOYRÉ, Alexandre. Considerações sobre Descartes . Lisboa, Presença ed.., 1992. Universitária ed., 1991.
LACAN, Jacques. O Seminário, livro 2: o eu na teoria e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro, 3a ed. Jorge Zahar ed., 1992. Zahar ed., 1992.
LEMOS, Cláudia T.C. Da morte de Saussure, o que se comemora? In: Psicanálise e Universidade. SP, Revista da Núcleo de Estudos da Pesquisa da PUC, no 3, 1995, pp. 41-52.
STEIN, E. J. ética filosófica e ética da psicanálise - a diferença fundamental. 1998. conferência.



SITES RELACIONADOS DE PESQUISA:


Sociedade Brasileira de Psicanálise
Psicanálise Freudiana
Psicanálise On-Line
Textos de Interesse Filosófico
A psicanálise


O conceito de Virtude em Immanuel Kant




Este vídeo foi produzido a partir da reflexão feita pela mestranda Sonia, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em sala de aula. O projeto de sua dissertação de mestrado pretende corroborar a idéia de que o princípio de virtude em Kant está relacionado a ética do dever e o mandamento de lei moral.

Por isso, o Grupo Pallottti Produções realizou este vídeo com o intuito de explicitar as idéias apontadas pela mestranda, como um material para facilitar e despertar o interresse para o estudo tanto da Filosofia quanto de seus filósofos.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O homem e a sua capacidade de alcançar a perfeição

"A falta de virtude é uma conseqüência da falta do agir moral"
A aluna Sônia, mestranda do curso de pós-graduação da Filosofia na PUC-PR, expôs o projeto de sua pesquisa científica para a elaboração de sua dissertação de mestrado. A problemática em torno de seu trabalho consiste em relacionar a antropologia kantiana ao princípio da virtude, como uma ética do dever. Nesse sentido, podemos fazer perguntas pertinentes para a compreensão desse trabalho, tais como: O homem é livre para realizar tudo aquilo que quer? Existe opção de escolha para agir de forma moralmente correta? Isto implica indagar-nos sobre qual o conceito de liberdade. E por fim, nos perguntarmos pelo próprio conceito de virtude.
Para Immanuel Kant (1724-1804), filósofo do período moderno, o estudo sobre a virtude e a moral foram sempre objetos de grande admiração pelo mesmo e umas das suas principais preocupações. As obras nas quais procura abordar estes temas, relevantes para sua vida intelectual, podem ser encontrados nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes (1785); Crítica da Razão Prática (1788); Crítica da Faculdade de Julgar (1790); Da Paz Perpétua e Outros Opúsculos (1795).
Devido à influência pietista, de caráter protestante luterana de tendência mística e pessimista. Isto é, que põe em relevo o poder do pecado e a necessidade de regeneração; e a influência do racionalismo: o de Leibniz, que Wolf ensinara brilhantemente, como também a de Hume que despertou Kant de seu “sono dogmático" e a literatura de Rousseau, que o sensibilizou em relação do poder interior da consciência moral, marcaram toda a sua educação e forma de pensar.
Em suas obras é possivel perceber que o conceito de dever ocupa um lugar essencial na percepção da moral. Mas segundo Kant o que é o conceito de dever? O que ele entende por lei moral? A prática do dever constituído através do mandamento da lei moral pode ser considerada como virtude? São nesses aspectos que Kant contraria o pensamento aristotélico que concebe a virtude como expressão do “justo meio”, ou seja, a virtude é aquilo que está entre o excesso e a escassez. A coragem, por exemplo, é tida como uma virtude, pois, está entre a temeridade e a covardia. Isto segundo o pensamento de Aristóteles. Já Kant entende que o dever nada mais é do que a restrição da vontade à condição de uma legislação universal. E desse modo, podemos dizer que a virtude é o cumprimento do dever através do mandamento da lei moral. E em se tratando de moral ela é concebida como uma ciência que nos ensina como devemos não tornar-nos felizes, mas dignos de felicidade. Pois, o fim do homem é a procura da felicidade. Portanto, a prática do dever guiado pela razão possui um fim ético, tanto para consigo mesmo quanto para como os outros, produzindo um agir constituído que é a virtude.

Roteiro para elaboração do filme de 50 min

O QUE É LIBERDADE?

Diretor: Cleiton Henrique Farias da Silva
Roteiristas: Cleiton Henrique Farias da Silva e João Francisco Cossa
Filmagem: Cleiton Henrique Farias da Silva e João Francisco Cossa
Produção Geral: Antonio Santana dos Santos e Vanderson Alves da Silva
Sonoplastia: Antonio Santana dos Santos e Vanderson Alves da Silva

Título do Filme: O que é Liberdade?
O filme será abordado em 8 blocos divididos conforme a necessidade. E terá como público alvo adolescentes entre 13 e 17 anos.
1º cena: O que é liberdade para as pessoas de hoje?
Contextualizar a opinião de liberdade na sociedade atual;Propostas de entrevistas: pessoas na rua.
2º cena: O que é privação de liberdade? Coletar a opinião de uma pessoa que se vê privada de liberdade;Propostas de entrevistas: um encarcerado ou um adolescente.
3º cena: Abordagem geral da filosofia.Conspecto geral do movimento da História da Filosofia em torno da liberdade como indagação fundamental para o homem;
Proposta de entrevista: Professor de filosofia.
4º cena: abordagem das filosofias em torno da liberdade.
Apresentar correntes filosóficas que retratam este tema;Propostas de entrevista: apresentação.
5º cena: base antropológica da liberdade. Situar sobre o fundamento da antropologia filosófica no concernente à visão da liberdade como direito essencial;
Proposta de entrevista: Professor de filosofia.
6º cena: os movimentos históricos em prol da liberdade.
Mostrar os movimentos em favor da liberdade, através de alguns vídeos ou fotos.
7º cena: a ditadura do mundo moderno;
Questionar as visões de liberdade propostas em nosso mundo moderno e mostrar a ditadura causada por este sistema;
8º cena: provocação;
Provocar o desejo de que mudar a realidade é possível, como já foi demonstrado na História;
Proposta do caderno de atividades:
- atividade em grupo para responder a algumas perguntas sobre o vídeo;
- levar algumas revistas para utilizar na constituição de um cartaz de colagem, para que depois expliquem o que quiseram retratar a partir do vídeo;
- produzir, usando da criatividade, um teatro improvisado retratam alguma situação de privação de liberdade;
- anexar alguns textos sobre este tema ao caderno de atividades para que estabeleçam comparações entre o vídeo e estes textos;

Materiais de apoio:
FILOSOFIA, Ensino Médio. Secretaria de Estado de Educação. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.129-142.
Complementos anexados ao caderno de atividade.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A natureza humana é boa ou má? Por que não agimos a partir da nossa razão?

"A concepção de Deus como um legislador moral"

O aluno Jorge Conceição, graduando do curso de Filosofia da PUC-PR, expôs de maneira parcial a intencionalidade e as características de sua pesquisa científica. O assunto em discussão tem por objetivo a elaboração de seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), baseando-se no resultado de seu projeto de pesquisa desenvolvido através da bolsa do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica). O problema abordado pelo mesmo situa-se na compreensão das obras de Immanuel Kant (1727 – 1804), nas áreas de Antropologia e Religião. Inicialmente, a problemática em torno do tema abordado parte de algumas indagações pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa, a saber: é possível compreender a filosofia antropológica kantiana como uma filosofia transcendental? Ou seja, é possível relacionarmos à natureza humana a pré-determinação da religião? Consideremos que a finalidade dessas duas perguntas consiste em solucionar o problema sobre o conceito de natureza humana em relação à religião vista a partir da ótica do cumprimento da lei.
Para Kant, o homem pode apenas conhecer o fenômeno, aquilo que se apresenta a nós, mas não pode conhecer a coisa em si, ou seja, o nôumeno, a sua essência. Este modo de pensar também é válido quando abordamos a condição da natureza humana, pois, qual é, de fato, a essência do homem? Ao tentarmos solucionar tal pergunta, incorremos no erro de descrever apenas as suas características, isto é, quando falamos de um determinado indivíduo, a partir de suas limitações, dizendo que ele é perverso, neurótico, doido, fanático, egoísta, covarde, mentiroso, enfim, “mau-caráter”, estamos nos referindo aos fenômenos vistos desse sujeito através de suas ações e de seus predicados. Por isso, não podemos dizer se a natureza humana é boa ou má, mas somente caracterizar as suas ações como sendo boas ou más.
É através desse raciocínio de trabalho que o aluno Jorge desenvolve a sua pesquisa, tendo como referência básica dois comentadores das obras de Kant, Hanna e Loparic. Contudo, o objetivo de sua pesquisa consiste em enfatizar outros aspectos da antropologia, da religião, da moral e da semântica kantiana. Procurando abordar quais são as condições de construir um juízo na antropologia que possa dizer algo sobre o homem. Seu intuito é demonstrar a relação entre a natureza humana e a constituição do mandamento moral. Para ele, não é só a lei que dita às regras para o sujeito, mas existe um campo simbólico definido pela cultura que motiva o indivíduo ao cumprimento da lei.
Desse modo, podemos caracterizar o conceito Deus nesta perspectiva de trabalho como um legislador moral. É ele quem motiva o sujeito para o cumprimento da lei moral, pois é dotado de significado e atua como um símbolo motivador e não justificador unido à estrutura lógica. Trata-se daquele pensamento corriqueiro do dia-a-dia: “devo agir dessa forma para receber como gratificação o reino dos céus e não o inferno!”. Esse é um exemplo de que a minha razão não age por si só, mas está vinculada a um agente externo que me motiva a agir dessa forma e não de outra, e isto pertence ao campo simbólico.
Sendo assim, Jorge utiliza Hanna para criticar Loparic, a fim de demonstrar o cumprimento da lei moral incentivado através dos símbolos e não apenas da estrutura lógica, ou seja, da supremacia da razão teórica em relação à razão prática. Estes aspectos e conceitos ressaltados no texto tratam de uma problemática que perdura há séculos e que não foram totalmente solucionados, e a partir disso, a importância de rearticular e trazer novamente para o centro a discussão em torno do que é o homem no século XXI.

A concepção de liberdade e suas implicações na vida de Jesus Cristo

Para discutirmos sobre o conceito de liberdade na vida de Jesus Cristo tomaremos como referencial de estudo dois filmes: “A Última Tentação de Cristo”, do diretor Martin Scorcese, e “Paixão de Cristo”, do diretor Mel Gibson. Ambos foram filmes de grande sucesso e repercussão na sociedade.
Antes de mais nada, procuraremos construir uma idéia do que é liberdade, sendo esta, capaz de nortear a nossa análise. São muitas as acepções para essa palavra, entretanto, todas possuem alguns aspectos em comum, a saber: condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos; podemos caracterizar a liberdade sendo essencialmente capacidade de escolha, pois, onde não existe escolha, não há liberdade. “Liberdade, essa palavra; que o sonho humano alimenta; que não há ninguém que explique; e ninguém que não entenda” (Cecília Meireles). E, a partir disso, podemos nos perguntar: Jesus Cristo teria sido um homem livre? Teve a capacidade de escolher ou tudo já estava pré-determinado?
No filme “A Última Tentação de Cristo” baseado no polêmico best-seller homônimo de Nikos Kazantzakis, Jesus é retratado como um ser humano que possui liberdade para fazer escolhas significativas em sua vida. No decorrer do filme há um conflito de identidade. Se apresenta um certo dualismo na vida de Cristo, pois, Ele pode escolher entre ser o Filho Unigênito muito amado e escolhido por Deus e, conseqüentemente, aceitar o sacrifício na cruz, como também pode optar por ser um homem comum e prático que deseja constituir família, ter um lar, filhos e desfrutar de uma vida serena e tranqüila no mais absoluto anonimato. Essa polêmica releitura de sua vida revela as fraquezas e mazelas da condição humana. O que vemos é um Jesus inseguro, orgulhoso, incerto quanto aos reais desígnios de Deus. Enfim, não divino, mas totalmente humano.
Já no filme “Paixão de Cristo”, a percepção é totalmente diferente, Jesus se mostra convicto de sua missão. No maior momento de angústia de sua vida no Getsêmani, onde suou sangue, Ele se manteve resoluto. Mesmo sofrendo com as tentações de Satanás, e, revelando sua condição humana quando diz: “Oh Pai, se é possível afasta de mim este Cálice!” Ele reverte sua opção de escolha na vida e age de modo livre quando continua seu discurso: “Porém não se faça a minha vontade, mas a Sua!”. Jesus assumiu plenamente a condição humana, sentiu angústia, medo, solidão, desespero e abandono: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?”. No entanto, mostrou-se totalmente livre, foi autor de sua própria existência, construtor de sua história, mesmo aceitando o projeto de Deus. Uma cena que corrobora perfeitamente essa idéia é quando Jesus no filme fala que: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo!”. A liberdade entendida aqui como um ser consciente capaz de fazer escolhas e ter autonomia sobre elas, revela o mais profundo anseio humano. A partir disso, podemos dizer que, em ambos os filmes são muito bem explorados os conceitos de liberdade, humano e divino. Contudo, ao contrário dos que pensam, no filme “A Última Tentação de Cristo”, Jesus não teria sido totalmente livre se tivesse feito a opção em descer da cruz, pois, assumiria a condição de um escravo de suas paixões, esquecendo-se de sua dimensão espiritual e vivendo de forma egoísta, pensando apenas em si mesmo. Por isso, apenas uma pessoa com liberdade total e pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos, seria capaz de morrer numa cruz. Como nos conta a história sobre a vida de Jesus Cristo.
É preciso reformular nossa concepção de liberdade. Isto é, não deixar-se levar por situações em que somos coagidos a agir dessa ou daquela forma. Fazer o tempo todo o que queremos não é ser livre, mas, escravos de nossos desejos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O conhecimento de si e a cura

A cura dos males que assolam a sociedade são derivados da falta de conhecer-se a si próprio

Este texto é escrito por Daniel Omar Perez, que faz parte do livro Filósofos e terapeutas: em torno da questão da cura, tendo sua primeira edição em abril de 2007 pela editora Escuta. O autor e organizador é licenciado em filosofia pela Universidade Nacional do Rosário, mestre e doutor em filosofia pela Unicamp, professor no programa de mestrado da PUC-PR e realiza sua formação de analista da Biblioteca freudiana de Curitiba.
A introdução tem como tema os filósofos que se tornaram terapeutas e médicos de si mesmos. Em uma perspectiva histórica, resgata a prática da cura, a utilização de terapias e a forma de evitar a dor e progredir no crescimento pessoal.
Constrói sua argumentação apresentando a preocupação dos filósofos em viverem de modo a alcançarem a felicidade. Isto teve como resultado novos pensamentos, novas práticas de vida e métodos de buscar a realização anulando os sentimentos que trazem o sofrimento.
Apresenta no contexto da Idade Média a busca da saúde psíquica pelas práticas espirituais na relação com a transcendente, como a ascese e a meditação. E condena a coibição que a Igreja exerceu sobre as curandeiras, ressaltando a abertura destas habilidades a todas as pessoas, uma ciência (conhecimento) acessível. Já no período moderno, retrata sobre o auto-conhecimento e a observação da natureza como melhores meios de terapia, com base no pensamento de Rousseau.
Cada um deve fazer o processo individual de crescimento. Por isso, a filosofia deve oferecer (proporcionar) condições para cada um fazer este caminho, na retomada da verdadeira prática terapêutica e em seu profundo valor. Colocando um bem acima de todos os interesses científicos e de pessoas que se utilizam deste meio para enganar e tirar proveito.
O movimento textual propicia o despertar e a reflexão sobre o assunto, conduzindo o leitor ao adentramento da idéia mais importante em toda obra. Por meio da explanação clara e acessível, deixa instruções válidas, pontos-chave de entendimento, proporcionando à penetração do verdadeiro significado deste itinerário percorrido pelos filósofos em torno da cura, a fim de retomar o significado da prática terapêutica.
Atividade realizada pelos alunos:
Antonio Santana, Cleiton Henrique, João Francisco e Vanderson Alves