quarta-feira, 16 de abril de 2008

O homem e a sua capacidade de alcançar a perfeição

"A falta de virtude é uma conseqüência da falta do agir moral"
A aluna Sônia, mestranda do curso de pós-graduação da Filosofia na PUC-PR, expôs o projeto de sua pesquisa científica para a elaboração de sua dissertação de mestrado. A problemática em torno de seu trabalho consiste em relacionar a antropologia kantiana ao princípio da virtude, como uma ética do dever. Nesse sentido, podemos fazer perguntas pertinentes para a compreensão desse trabalho, tais como: O homem é livre para realizar tudo aquilo que quer? Existe opção de escolha para agir de forma moralmente correta? Isto implica indagar-nos sobre qual o conceito de liberdade. E por fim, nos perguntarmos pelo próprio conceito de virtude.
Para Immanuel Kant (1724-1804), filósofo do período moderno, o estudo sobre a virtude e a moral foram sempre objetos de grande admiração pelo mesmo e umas das suas principais preocupações. As obras nas quais procura abordar estes temas, relevantes para sua vida intelectual, podem ser encontrados nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes (1785); Crítica da Razão Prática (1788); Crítica da Faculdade de Julgar (1790); Da Paz Perpétua e Outros Opúsculos (1795).
Devido à influência pietista, de caráter protestante luterana de tendência mística e pessimista. Isto é, que põe em relevo o poder do pecado e a necessidade de regeneração; e a influência do racionalismo: o de Leibniz, que Wolf ensinara brilhantemente, como também a de Hume que despertou Kant de seu “sono dogmático" e a literatura de Rousseau, que o sensibilizou em relação do poder interior da consciência moral, marcaram toda a sua educação e forma de pensar.
Em suas obras é possivel perceber que o conceito de dever ocupa um lugar essencial na percepção da moral. Mas segundo Kant o que é o conceito de dever? O que ele entende por lei moral? A prática do dever constituído através do mandamento da lei moral pode ser considerada como virtude? São nesses aspectos que Kant contraria o pensamento aristotélico que concebe a virtude como expressão do “justo meio”, ou seja, a virtude é aquilo que está entre o excesso e a escassez. A coragem, por exemplo, é tida como uma virtude, pois, está entre a temeridade e a covardia. Isto segundo o pensamento de Aristóteles. Já Kant entende que o dever nada mais é do que a restrição da vontade à condição de uma legislação universal. E desse modo, podemos dizer que a virtude é o cumprimento do dever através do mandamento da lei moral. E em se tratando de moral ela é concebida como uma ciência que nos ensina como devemos não tornar-nos felizes, mas dignos de felicidade. Pois, o fim do homem é a procura da felicidade. Portanto, a prática do dever guiado pela razão possui um fim ético, tanto para consigo mesmo quanto para como os outros, produzindo um agir constituído que é a virtude.

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