sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Qual o futuro de um filósofo?


Inicialmente partimos da seguinte indagação: qual o mercado de trabalho para um “ser” que por opção, escolheu cursar e formar-se em Filosofia? Aparentemente a resposta dada pelo “senso comum” é enfática: Nenhum! A Filosofia não serve pra nada, quanto mais ser útil no mercado de trabalho!
Como todo bom filósofo é preciso partir da situação “problema” a fim de se argumentar e discutir a respeito dessas perturbações que rodeiam a mente daqueles que fizeram opção pela Filosofia, ou que estão pensando em tal hipótese.
Muitos pensam que um graduado licenciado na área de Filosofia pode, no máximo, se esforçar em dar aulas e receber de uma parcela dos seus alunos uma total antipatia e falta de interesse por ela. Mas não se engane as coisas não são bem assim, não são como aparentam ser!
Até aqui estávamos dentro da Caverna, no entanto, é preciso ter coragem, se soltar dessas correntes que nos prendem e acreditar que a nossa visão aqui dentro é muito limitada e sem perspectiva de um novo horizonte. Por isso, respondendo novamente a pergunta inicial podemos inferir que o mercado de trabalho para um filósofo é todo aquele que ele preferir, isto é, todo espaço é dele. Nossa! Quanta pretensão e falta de humildade! Mas o que se discute aqui não é isso, o que se pretende dizer é que o filósofo pode estar inserido onde melhor lhe convém e sentir-se bem para realizar seu ofício. Não se quer dizer aqui que a docência não tenha importância, que seja uma área secundária. Pelo contrario, o objetivo é mostrar as diversas possibilidades na qual um filósofo pode atuar. Além de estar capacitado para exercer a profissão de um educador como professor, o “indivíduo” que optou por Filosofia pode ser um excelente pesquisador, pois o que seria de nós sem aqueles que pensam noite e dia em problemas que simplesmente banalizamos e consideramos como sendo normais. Outra alternativa de se “dar bem” profissionalmente é desenvolver projetos. Mas como assim? É muito simples... pensa-se em um problema e desenvolve-se soluções para o mesmo. Isso a grosso modo, é o esqueleto diga-se de passagem, pois o filósofo não é superficial, mas está a procura daquilo que está além do que se considera. Para isso, o filósofo pesquisador deve procurar financiamentos, a fim de disponibilizar um capital para desenvolver seus projetos. Segue-se abaixo alguns links de sites com um breve relato da área de investimento dessas empresas que um filósofo e afins podem enviar suas idéias com o objetivo de serem “patrocinadas”.

Fundação Araucária: acessando o site: http://www.fundacaoaraucaria.org.br/. Você poderá encontrar maiores informações sobre os projetos patrocinados por essa instituição. Para se inscrever é necessário possuir vínculo empregatício com instituição de ensino e/ou pesquisa, legalmente constituídas, quer na forma de universidades, faculdades, institutos, fundações, sociedades científicas ou culturais, sem fins lucrativos, sediadas no Estado do Paraná. O coordenador proponente deverá estar em plena atividade de pesquisa em sua instituição de origem, não cabendo a ele a solicitação de apoio da Fundação Araucária quando ausente, ou em vias de afastamento temporário para quaisquer fins. Submeter as propostas por via eletrônica (Sigep), e encaminhar uma cópia impressa do resumo do projeto cadastrado, devidamente assinada pelo proponente/coordenador e pelo responsável da instituição, via correio eletrônico.
Financiamento foco: pesquisas em diversas áreas de conhecimento, cultural, científico, educacional, tecnológico e até pesquisas de cunho pessoal. No final da execução do projeto o coordenador proponente deve apresentar um relatório com as considerações de sua pesquisa.

Cnpq: (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) acessando o site: http://www.cnpq.br/ outras informações complementares estão disponíveis. É preciso preencher o formulário de bolsa individual ou através de uma instituição cadastrada, seguindo às modalidade: (Normas Gerais de Bolsas Individuais no País) Produtividade em Pesquisa (PQ) ; Critérios dos Comitês de Assessoramento ; Consulta PQ - Bolsas em Curso ; Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT) ; Pesquisador Visitante (PV); Desenvolvimento Científico Regional (DCR) (*) ; Pós-Doutorado Júnior (PDJ) ; Pós-Doutorado Sênior (PDS) ; Doutorado-Sanduíche no País (SWP) ; Pós-Doutorado Empresarial (PDI) ; Doutorado-Sanduíche Empresarial (SWI). (Normas Gerais de Bolsas de Fomento Tecnológico); Curta Duração: Estágio/Treinamento No país (BEP) ; Especialista Visitante (BEV); Longa Duração: Iniciação Tecnológica Industrial (ITI) ; Extensão no País (EXP); Desenvolvimento Tecnológico Industrial (DTI) ; Especialista Visitante (EV) ; Apoio Técnico em Extensão no País (ATP); Bolsas Individuais no Exterior: (Normas Gerais de Bolsas Individuais no Exterior) Doutorado pleno (GDE); Pós-Doutorado (PDE) ; Doutorado Sandwich (SWE); Estágio Sênior (ESN); Treinamento no exterior (SPE); Estágio/Treinamento no exterior (BSP).
Financiamento foco: pesquisas de propriedade científica e tecnológica, o “produto final” é apresentação de relatórios com os resultados da pesquisa.

Capes: (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) acessando o site: http://www.capes.gov.br/ outras informações complementares estão disponíveis. A instituição desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação. É necessário um cadastro a fim de que o projeto possa ser analisado e, conseqüentemente, financiado.
Financiamento foco: suas atividades podem ser agrupadas em quatro grandes linhas de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado de programas:
avaliação da pós-graduação stricto sensu;
acesso e divulgação da produção científica;
investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior;
promoção da cooperação científica internacional.

Gife: para outras informações acesse http://www.gife.org.br/. “O GIFE é a primeira associação da América do Sul a reunir empresas, institutos e fundações de origem privada ou instituídos que praticam investimento social privado - repasse de recursos privados para fins públicos por meio de projetos sociais, culturais e ambientais, de forma planejada, monitorada e sistemática.”
Financiamento foco: a rede de associados investe quase R$ 1 bilhão por ano em projetos variados. No ranking das áreas temáticas priorizadas destacam-se Educação, Cultura e Artes e Desenvolvimento Comunitário. O diferencial da Rede GIFE de Investimento Social Privado é a preocupação na construção de uma sociedade sustentável.
Por isso, procuram transferir para os projetos que financiam ou operam a cultura da gestão de recursos financeiros e humanos, planejamento, definição de metas e avaliação de resultados, buscando a cumplicidade da comunidade nas tomadas de decisão.

Fundação Roberto Marinho: acessando o site: http://www.frm.org.br/ estão disponíveis informações sobre financiamento de projetos e as exigências para tal. Quando o jornalista Roberto Marinho criou a Fundação Roberto Marinho, em 1977, havia poucas ações de responsabilidade social empresarial no Brasil. Ao reunir um grupo de parceiros em torno de uma causa social – levar educação de qualidade a milhões de brasileiros – a Fundação tornou-se um dos embriões do investimento social privado no país.
Financiamento foco: é mobilizar s pessoas da comunidade, por meio da comunicação, de redes sociais e parcerias, em torno de iniciativas educacionais que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Fundação O Boticário: acessando o site: http://internet.boticario.com.br/portal/site/fundacao/menuitem.22c30ee30efa19bae42a64973a108a0c/?epi_menuGrafico=Home estão as informações necessárias dos projetos que a instituição financia. “A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990, a instituição é a principal expressão da política de investimento social privado do Boticário, e nasceu do desejo do fundador da empresa, Miguel Gellert Krigsner, de empreender ações em prol da preservação da natureza como expressão da responsabilidade social.A atuação da Fundação O Boticário é nacional. Suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras organizações e sensibilização da sociedade para a causa conservacionista, contribuindo para o equilíbrio ecológico do planeta e para a manutenção da vida.”
Financiamento foco: projetos voltados a ações de proteção ou pesquisas que forneçam suporte à tomada de decisões para a conservação da natureza, em todos os biomas brasileiros e nas 27 unidades da Federação, incluindo o ambiente marinho. Entre os temas apoiados por meio desse programa estão à promoção da conectividade da paisagem e estudos dos impactos das mudanças climáticas sobre os ambientes naturais. Qualquer indivíduo pode mandar seu projeto a fim de que possa ser avaliado e passe por uma seleção.

Fundação Banco do Brasil: acessando o site: http://www.fbb.org.br/ informações complementares poderão ser adquiridas nas modalidades financiadas pela instituição.
Financiamento foco: ações que viabilizem a inclusão da população em programas sociais e prevê a adoção de medidas em vários campos, como alimentação, saúde, educação, emprego e habitação.

BNDES: (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acessando o site: http://www.bndes.gov.br/ (Programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura – PRODEC) informações adicionais encontram-se disponíveis.
Financiamento foco: apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Desta ação resultam a melhoria da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da população.“No mês de outubro de 2006, foi aprovado o PROCULT - Programa de Apoio à Cadeia Produtiva do Audiovisual, voltado para o setor audiovisual (cinema e programadoras de TV). Em seguida, em dezembro de 2006, o PRO-TVD Conteúdo disponibilizou linhas de financiamento a emissoras de TV para aquisição de obras audiovisuais de produtoras independentes brasileiras ou desenvolvimento de conteúdo próprio.”
Programas de Financiamento: PROCULT PRO-TVD ConteúdoVeja também:Cartão BNDESInvestimento em Fundos: FUNCINEsAções de Patrocínio a Projetos CulturaisAcervos Cinema Espaço BNDES Patrimônio Histórico e Arqueológico

PETROBRAS: acessando o site: http://www2.petrobras.com.br/portugues/ads/ads_Cultura.html “Desde 1994 a Petrobras é a grande parceira do cinema brasileiro. O patrocínio da Empresa a este segmento está presente tanto na produção de filmes de longa e de curta-metragem, quanto em sua circulação pelos maiores e mais significativos festivais em todas as regiões do país, bem como em outras iniciativas de difusão da produção cinematográfica brasileira, como o Curta Petrobras as Seis, o Cine BR em Movimento e o Porta-Curtas Petrobras. A Petrobras está presente também no Cine Odeon BR e no Ponto Cine Guadalupe, em diversas publicações e textos críticos e em projetos voltados para a formação de novos profissionais e de novas platéias, como a Oficina de Audiovisual da CUFA – Central Única das Favelas e a Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
A partir de sua Edição 2006/2007, o Programa Petrobras Cultural abriu seleção pública para festivais de cinema, ampliando assim a distribuição regional dos recursos de patrocínio a esse setor. O Programa inaugurou também a seleção pública de projetos voltados à educação para as artes e a apresentações culturais inclusivas, o que, naturalmente, abre espaço para o patrocínio a filmes, vídeos, dvds, etc, oriundos de projetos sociais em todo o país.”
Financiamento foco: investimento em filmes de longa e curta-metragem. O modo de abertura dos patrocínios acontece por meio de edital e todas as pessoas podem se inscrever.
Caso nenhuma dessas informações se enquadre na área que você deseja angariar fundos para o desenvolvimento do seu projeto, outra grande oportunidade é entrar no site: http://www.patrociniocerto.com.br/ e deixar o seu projeto disponível a fim de que outros investidores avaliem a viabilidade de patrocinar seu projeto, seja de qual espécie for. Pois o financiador ao escolher o seu projeto já sabe quais são os requisitos mínimos de financiamento do mesmo.
O projeto desenvolvido pelo grupo “Pallotti Produções” com o vídeo interativo e o Caderno de Atividades “Livres! Somos Livres?” pode entrar em um tipo de financiamento tanto educacional, pois foi desenvolvido para adolescentes e jovens, como pode ser patrocinado como um documentário cultural. Nesse caso, as empresas seriam GIFE, Fundação Roberto Marinho na área educacional e Petrobras no âmbito cultural.

sábado, 30 de agosto de 2008

Relatório Parcial da Aplicação do Material Didático sobre Liberdade





O material didático e interativo produzido pelo grupo Pallotti Produções com a finalidade de repensar os conceitos filosóficos trazendo-os para a nossa realidade foi aplicado na Faculdade Bagozzi – instituição educacional de ensino localizada à rua Caetano Marchesini, 952, Portão – Curitiba/Pr.


O curso, no qual ocorreu à aplicação, foi o de Filosofia – 4º período – na disciplina de Teoria do Conhecimento, ministrado pelo professor Bernardo Kestring, onde o mesmo colaborou na elaboração do vídeo filosófico intitulado “Livres! Somos Livres?”. O mesmo nos concedeu amplo espaço na realização da atividade proposta tanto no Caderno de Atividades que acompanha o vídeo quanto na contribuição para outras dinâmicas realizadas em sala de aula conforme o Plano de Aula formulado para essa ocasião.


A “aula” ou a apresentação dos resultados dessa pesquisa e desse trabalho experimental iniciou-se às 19h com uma breve apresentação de quem éramos e qual o motivo de estarmos ali, já que para a grande maioria tratava-se de uma novidade. Feito isso, fizemos uma exposição inicial sobre a temática da liberdade, tendo em vista despertar os “expectadores” para uma reflexão e ao mesmo tempo uma provocação.


Inicialmente, alguns alunos manifestaram interesse pelo assunto, enquanto outros pareciam não estar ainda envolvidos pelos objetivos, pois, parecia mais um corpo “estranho” dentro da temática abordada pela disciplina de Teoria do Conhecimento, quanto pela realidade pessoal de cada estudante que se encontrava naquela sala.


Tendo superado as “barreiras” iniciais, que já estavam previstas pelo grupo e pela própria estruturação da aula, passamos para o segundo momento no qual o Caderno de Atividades entrou em ação, ou melhor, as propostas que ali se encontravam para esse momento de integração e envolvimento com o assunto.


O Caderno de Atividades teve uma boa aceitação dos alunos, enquanto um integrante do Grupo Pallotti Produções – idealizadora e aplicadora do material – explicava a dinâmica proposta para aquele momento e quais seriam os resultados esperados dessa atividade, sentimos que, aquilo que parecia não haver sentido algum para muitos começou a ganhar corpo.


A dinâmica aplicada para esse momento foi montar grupos de alunos com quatro integrantes para que discutissem e expusessem suas opiniões sobre algumas indagações pertinentes sobre o tema e o que eles pensavam sobre esse problema. Com a aceitação e a colaboração de todos foram montados os grupos que trabalharam cerca de 25 min. nessa atividade de envolvimento discutindo idéias e pensando sobre o problema em questão, recortando figuras e imagens de revistas que pudessem se relacionar com o tema e com a discussão do grupo. Sentimos que se houvesse mais tempo para essa atividade os alunos continuariam suas argumentações e elucubrações na tentativa de conceituar e dar respostas significativas aos problemas apresentados.


A pretensão dessa atividade, conforme o definido e apontado pelo Grupo Pallotti Produções, na elaboração do plano de aula, não era levar ao esgotamento do assunto, mas que eles pudessem se voltar para si mesmos e refletissem sobres esses problemas que o cercam. Tendo em vista avaliar posteriormente os avanços feitos ao final desse trabalho, como também expandir a compreensão e entendimento sobre a Liberdade numa perspectiva filosófica.


Em cada grupo foi pedido para que escolhessem um relator que ficaria responsável por anotar quais foram as idéias desenvolvidas e apontadas pelo grupo. Ao final dessa atividade deveriam colar as figuras e imagens recortadas das revistas em uma cartolina para que, na seqüência cada grupo expusesse aquilo que foi discutido e qual eram as motivações que os levaram a apontar essas imagens e qual seria o sentido delas para nós hoje. Após termos ouvido e ampliássemos a discussão para toda a sala, foram muitas as contribuições significativas apontadas que permitiriam dar continuidade no trabalho.


O terceiro momento e, esse com muita expectativa já que, como nós disseram alguns alunos na sala, “não é de costume encontrar por aí filmes que abordem de forma objetiva os problemas da Filosofia, talvez esbocem de forma subjetiva, mas a nossa sociedade não pára para se questionar ou refletir sobres esses problemas tão arraigados na condição humana. Trata-se de uma proposta inovadora e pioneira nessa área”.


Durante os 50 min. de filme olhos atentos e nenhum tipo de conversa paralela, a não ser para comentar algumas imagens ou discursos que possuíam intenso significado e provocavam questionamentos no interior de cada um. Após termos assistido ao filme, realizamos uma pequena avaliação desse nosso encontro e o que ele nos permitia pensar sobre a Filosofia e sobre o mundo atual. Embora estivéssemos com o tempo esgotado, pois aproximava-se das 22h (horário de término das aulas). Os alunos permaneceram por mais alguns minutos a fim de contribuir para o crescimento de todos que se encontravam naquela sala e, principalmente, para o Grupo Pallotti Produções, na pessoa de Antonio Santana, Cleiton Henrique, João Francisco e Vanderson Alves, idealizadores dessa atividade e planejamento da aula.


Recebemos muitos elogios quanto à pesquisa, como o vídeo foi formulado, as pessoas que possuem compromisso com aquilo que fazem e deram suas contribuições no vídeo, à proposta inovadora e criativa desse trabalho e, sobretudo, pelo esforço em produzir algo que pudéssemos compartilhar com os outros. Não foi sem mérito que recebemos algumas sugestões e críticas também, já que o material se torna algo público e acessível a muitas pessoas. Algumas sugestões nos foram dadas como abordar outras idéias e refletir sobre problemas de outras naturezas, como a liberdade para o aborto e outros temas de intensas discussões em nossa atualidade. Foi nos feita à proposta de colocar esse material junto daqueles que sequer sabem o que é filosofia, ao mesmo tempo que é um desafio pode vir a ser uma conquista.


As críticas levantadas se postulam a favor do nosso crescimento e para que haja condições de expandir esse vídeo e, possa até mesmo ser transmitido por alguma emissora de Tv. Quanto ao áudio foi levando que em dois momentos no qual é narrado uma contextualização sobre tema específico a música de fundo infelizmente se sobrepõe ao som falado. Quanto às imagens no geral estão boas, mas alguns focos poderiam ter sido melhor explorados.


Enfim, a proposta de aplicação desse material didático com o objetivo de analisar e comparar criticamente como a nossa sociedade concebe o conceito de liberdade hoje foi alcançado durante a execução dessa aula. O Grupo Pallotti Produções se sente muito realizado pelo apontamentos feitos e as contribuições significativas que nos permitem refletir sobre a nossa prática enquanto educadores, futuros docentes e, principalmente seres humanos como nos diz Immanuel Kant “cidadãos do mundo”.

quinta-feira, 12 de junho de 2008



l MOSTRA DE FILMES FILOSÓFICOS


DIA 21 E 28 DE JUNHO
DAS 7:30 ÁS 12:30

AUDITÓRIO SOBRAL PINTO
CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS (BLOCO AMARELO) - PUC-PR

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OBS: CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO DE 10 HORAS
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PROGRAMAÇÃO

DIA 21
07:30 ABERTURA OFICIAL
08:00 FILME: “JOVEM E O CUIDADO DE SI”
09:00 FILME: “O SER EM BUCA DA CURA DOS MALES QUE O ASSOLAM”
10:00 FILME: “NASCENDO PARA UM NOVO TEMPO”
11:00 FILME: “ O QUE É SOPHIA?”
12:00 FILME: “FILOSOFIA COMO INTRUMENTO DE TOTALITARISMO”
DIA 28
07:30 ABERTURA OFICIAL
08:00 FILME: “LIVRES! SOMOS LIVRES?”
09:00 FILME: “ADMIRÁVEL MUNDO DA LINGUAGEM”
10:00 CONFRATERNIZAÇÃO
10:30 FILME: “BIOPODER - DISCIPLINARIZAÇÃO E PRODUTIVIDADE”
11:30 FILME: “ MULHER: DESVELANDO O ENIGMA FEMININO”

“FILOSOFIA COMO INTRUMENTO DE TOTALITARISMO” O Filme se inicia com a demonstração da típica estética totalitarista, e a partir deste ponto caminha través da história, revelando as sutis ligações entre o pensamento autoritário e a filosofia.
“BIOPODER – DISCIPLINARIZAÇÃO – PRODUTIVIDADE” No filme pretende-se desmascarar como instituições eclesiásticas, escolares, médicas, psiquiátricas e prisionais têm para o governo uma utilidade política e até ideológica em sua vontade de poder pela normalização e docilização do corpo populacional para a produtividade.No lugar da lei, a norma; o corpo e adestrado, a população é mantida ativa e saudável e assim governável graças ao biopoder que gerencia a vida.“O QUE É SOPHIA?”O filme visa analisar, estudar e refletir a cerca dos temas que inferem na vida do ser humano. Os temas que nos propomos a levar aos jovens e adultos são: Solidariedade, Ética, Educação, Justiça e Liberdade. Analisados sob um enfoque filosófico, onde, tivemos como referência alguns filósofos que nos ajudaram de suporte para a argumentação e construção dos mesmos, eles são cada vez mais pertinentes e relevantes na prática de nossas ações, as quais nos levam a uma reflexão crítica e profunda da sua importância na relação comigo mesmo, com os outros, com a sociedade e com o mundo.
“O SER EM BUSCA DA CURA DOS MALES QUE O ASSOLAM” Todo homem é cercado de males que o não deixam viver livremente, contudo encontramos algo dentro de nós que clama por liberdade e que quer ser curado. O ser nasceu para vida e não para morte. E quais são os mecanismos usados para que tal transformação aconteça? Quais são as emoções que brotam do homem diante do cuidado de si?Entre e navegue nessa pequena reflexão sobre o Ser e os males que o assolam.
“O ADMIRÁVEL MUNDO DA LINGUAGEM” O filme, propõe falar da linguagem e suas definições tomada pelo senso comum e tomada filosoficamente em algumas vertentes dentro da filosofia, de maneira “simples” para levar o público alvo, as crianças, a refletir sob as funções da mesma no dia-a-dia de cada pessoa.
“JOVEM E O CUIDADO DE SI” O vídeo Jovem e o cuidado de si, elaborado pela equipe Devir Produções, faz uma abordagem de como Sócrates e Schopenhauer pensavam um caminho para ser feliz e como Avicena tentava achar uma cura para o medo da morte. O curta metragem é direcionado a estudantes de ensino médio. Com entrevistas, músicas, e pequenas novelas ele tenta aproximar ao máximo o pensamento filosófico ao dia-a-dia da juventude.
"NASCENDO PARA UM NOVO TEMPO" O filme explora a existência humana imersa nesse contexto de aculturação que presenciamos atualmente, e é por presenciarmos esta era dominada pela tecnologia, em que o tempo fica cada vez mais escasso, que decidimos mostrar as conseqüências que isso traz a um individuo.O protagonista do filme, Dionísio, um cara de classe média, sempre foi educado dentro desse mundo capitalista, no qual se dá muito valor ao status. Em decorrência deste modo de vida, observamos um homem egoísta que sofre por precisar de algo que acredita estar nas coisas materiais. Perdendo a sua vida em nome de uma existência sem significado, considerando-se um ser individual, o homem acaba por desestruturar as instituições, que buscavam aprimorar o comportamento social do ser humano, através da construção de valores e da educação, o que nos abre portas para que pensemos acerca do ser.
“LIVRES! SOMOS LIVRES?” Um dos profundos anseios humanos é ser livre. Na história da filosofia muitos pensadores refletiram sobre essa temática e procuraram compreender em quais condições o ser humano não é coagido por forças externas e pode fazer escolhas conscientes para sua existência. Na tentativa de abordar essas e outras idéias, o grupo Pallotti Produções apresenta “Somos Livres?” com o intuito de debater filosoficamente diante dos várias concepções sobre esse tema a fim de trazê-lo para a nossa realidade.
"MULHER: DESVELANDO O ENIGMA FEMININO" Este documentário aborda de forma geral a questão feminina pensada, de certa, maneira, como um enigma. Focalizamos, assim, a mulher a partir de alguns aspectos específicos que consideramos como inerentes a ela, tais quais: afirmação da feminilidade, como algo diferente da masculinidade, e ainda sobre política, direito, emancipação e, finalmente, estética. Com base nestes pressupostos a Filosofia pode fazer algumas indagações: o que é ser mulher? Que reflexão filosófica pode ser explicitada pensando a mulher sob estes aspectos? Ancorados nestas e noutras interrogações vários especialistas tentam aclarar um pouco mais esse enigma que é o ser feminino e suas implicações para a mulher.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O sentimento de prazer despertado através do Belo!

O mestrando do Curso de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Luciano Ezequiel Kaminsk, apresentou o tema de sua dissertação intitulada: “O Belo como símbolo de Moralidade”. Seu intuito é demonstrar que o conceito de belo entendido na filosofia kantiana pode atuar como um símbolo motivador no cumprimento da lei moral. Todavia, não se deve confundir um com o outro, postulando que a compreensão do belo leve o individuo a um agir moralmente correto. É bastante provável que isso aconteça, mas não podemos afirmar com tal precisão.

Na construção de sua pesquisa, muito das obras de Immanuel Kant foram utilizadas, como também alguns comentadores que se utilizam de uma interpretação lógico-semântica da filosofia kantiana. Alguns conceitos-chave foram estabelecidos para a compreensão do trabalho no decorrer de sua apresentação.

O termo “Estética” não tem em Kant o sentido tradicional de “percepção do belo”, mas o sentido geral e original de “percepção sensorial”. Isto é, os juízos podem dividir-se em determinantes – quando tem por característica a sua objetividade – e os reflexionantes – que são subjetivos, próprios do sujeito que percebe. Sendo nesse sentido que falamos de uma percepção do belo que deixa de ser particular e se amplia para uma universalidade.

O sentimento de prazer despertado no sujeito no momento da percepção de um objeto consiste em um juízo reflexionante a priori, pois o tempo é uma forma a priori, que condiciona todas as nossas percepções dos fenômenos.

Desse modo, podemos dizer que, tanto a “matéria” quanto a “forma” fazem parte integrante do fenômeno. A matéria é dada pelas simples sensações ou modificações produzidas em nós pelo objeto e, como tal, só pode ser a posteriori. A forma, ao contrário, não provém das sensações e da experiência, mas sim do sujeito, sendo aquilo pelo qual os múltiplos dados sensoriais são ordenados em determinadas relações.

Portanto, chegamos a um conhecimento que nos permite inferir que as nossas intuições sensíveis são apenas representações dos fenômenos, são constituídas pelas formas a priori da sensibilidade. Por isso, na concepção kantiana a percepção daquilo que é belo não pode ser uma característica subjetiva, pois deve ter um referencial necessário e universal. Ou seja, quando um determinado indivíduo julga um objeto caracterizando-o como belo, estético, perfeito e, simultaneamente, para outro é desprezível, imperfeito, não estamos nos referindo a categoria do objeto, mas sim as percepções desse objeto. Para ambos, a sensação produzida pela percepção do objeto já acontece em um plano de ajuizamento por parte do sujeito, mas no primeiro caso com referenciais universais que permitem sentir prazer quando se percebe esse objeto.
No entanto, surge uma indagação: como saber se determinado objeto contemplado pela minha razão é belo ou não? Esse fato não pode ser considerado subjetivo, embora parta de um sujeito, o objetivo da definição de belo é estabelecer uma contemplação do objeto de forma desinteressada e pura, é o simples fato da percepção do objeto em si que provoca um extasiamento por parte do mesmo. É a partir dessa percepção que podemos falar da possibilidade do belo como instrumento que desperta nos indivíduos a busca por um comportamento moral.

Freud Explica?

Inicialmente partimos de uma frase frequentemente utilizada pelo senso comum: “Freud explica!”. Mas ao analisarmos um filme problemático e provocativo como “Porteiro da Noite” é preciso nos perguntarmos: quais são as possibilidades e, em que condições podemos nos utilizar tanto da Filosofia quanto da Psicanálise para postular um entendimento compreensível para a trama retratada no mesmo?

Este filme produzido em 1974 pela diretora Liliana Cavani, pode ser visto como um exercício de perversão e exploração do Holocausto. Por outro lado, essa abordagem psicológica sugere uma visão sombria de personagens condenados pela Segunda Guerra Mundial. Um dos aspectos que podemos ressaltar é a imagem de uma sobrevivente de campo de concentração como objeto de desejo de um ex-general nazista.

Todo o enredo do filme se passa em Viena no ano 1957, onde uma organização secreta de ex-nazistas se encontravam periodicamente a fim de eliminarem aquelas testemunhas consideradas perigosas, pois, poderiam “abrir a boca” e narrar todos os acontecimentos por elas vividas. Como no próprio filme é dito: “uma testemunha viva, é mais perigoso do que milhares de mortos”. É nesse contexto que surge o retrato de Maximilian, um ex-oficial da SS, que trabalha como porteiro noturno em um hotel elegante.

Imagens do passado pontuam a narrativa presente com freqüência e sugerem que Lucia sobreviveu por ter sido um “brinquedo” nas mãos de Max. Em meio à tensão da crescente ansiedade deles para ficarem sozinhos, Max elimina um ex-prisioneiro que ficara seu amigo. Ele e Lucia estão finalmente reunidos numa cena de paixão violenta e doentia. Em vez de eliminá-la, como lhe ordenam, ele a tranca em seu apartamento e revive o passado com a mesma intensidade que vivera quando a torturava.

O amor obsessivo de Max e Lucia recriam uma situação em que ambos são vítimas. Eles vivem em uma paranóia completa porque são perseguidos, e por isso, não saem mais, a fome e a falta de ar faz com que voltem a um nível quase animal. A confissão de Max de que “ele trabalha à noite porque durante o dia, na luz, ele tem vergonha”, mostra o seu dilema interior.


Enfim, o filme retrata não só a continuação política entre o nazismo do período da guerra e a Áustria de 1957 como também a continuidade psicológica de personagens presos a uma compulsiva repetição do passado. Nem mesmo se quiséssemos explicar todos os aspectos que perpassam essa historia através dos conceitos propostos por Freud, como o id, o ego e superego poderíamos dar conta de explicitar todos os comportamentos mostrados no filme. O ser humano, mesmo com todos esses estudos ao seu alcance, ainda é uma incógnita tanto para a Filosofia quanto para a Psicanálise.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A impossibilidade de julgar a consistência da verdade apenas levando em consideração o encadeamento dos fatos

O filme “A vida de David Gale”, no original (The Life of David Gale, 2003), do diretor Alan Parker, pretende levar o expectador a uma reflexão sobre a eficácia ou não da pena de morte. Todavia pelo estilo de produção e pelo decorrer das cenas, o expectador tende a se prender na trama, que é justamente descobrir a verdade sobre o assassinato que gira em torno do filme. São raras as pessoas que conseguem formular concepções sobre o que é a vida, o que é a morte, qual o conceito de justiça em nossa sociedade, como o ser humano se satisfaz com as evidências e, muito mais raros são os que realmente não ficam presos à realidade como é dita ou formulada pelos fatos, mas procuram incessantemente conhecer e chegar até a verdade. Nesse sentido, é preciso também analisarmos a problemática que circunda o conceito de “verdade”. Sendo esta uma postura norteadora da Filosofia.
No filme, a narrativa da história se passa com um professor de filosofia da Universidade do Texas, David Gale (Kevin Spacey), que por sinal, é ativista de um movimento contra a pena de morte no estado americano. Ele é acusado de assassinar sua colega de trabalho, Constance Harraway (Laura Linney). Por ironia, e é aí que se desenvolve toda a temática do filme, Gale é condenado à pena de morte e três dias antes de sua execução resolve contar sua história à jornalista Elizabeth Bloom (Kate Winslet). Bloom é conhecida por garantir o sigilo de suas fontes, tendo até mesmo passado alguns dias presa por se negar a entregar uma delas.
Gale passa a narrar sua vida à jornalista, e ela fica perturbada com os conflitos éticos profissionais que aparecem. Em vários momentos da trama parece se questionar se está sendo manipulada por sua fonte, quais seriam as intenções de Gale em esperar tanto tempo para revelar sua história, se deveria ou não comprar a defesa do acusado e investigar o assassinato por conta própria. Em meio a pistas que aos poucos vão sendo reveladas exclusivamente para ela, seja pelo professor ou de forma misteriosa, Bloom começa a desvendar o mistério, que caminha para um final de certa forma surpreendente, mas não impressionante.
A jornalista descobre, através das investigações, que tudo não passava de um engano e que na verdade ele era inocente. A intenção de Gale na verdade era provar os erros nos processos de condenação e que havia muitos inocentes morrendo, mas acima de tudo, queria defender os direitos humanos daqueles presos, pois eram considerados “monstros” e por isso, não mereciam piedade. Além de acreditar nessas proposições, também lutava por esse ideal, mostrou personalidade e determinação em suas convicções, mesmo isto lhe custando à própria vida. O que estava fazendo, para ele, era em vista de um bem maior: o da sociedade. Daí surge à questão de como podemos conciliar os nossos desejos aos comuns à sociedade.
Muitas vezes vemos que nosso interesse difere dos outros. É o caso que acontece no filme, pois, a maioria das pessoas defendia à pena de morte. Então, ele se utiliza da prova concreta para fundamentar a sua opinião como verdadeira. Constrói a partir do entendimento de sua filosofia uma argumentação ou prova perfeita capaz de validar seu ponto de vista. Seria como quisesse corroborar o grande equívoco da sociedade em defender os seus direitos em detrimento dos outros. Na visão kantiana poderíamos afirmar a predominância das paixões e desejos em vez da afirmação do ato moral, mesmo que a análise de Kant não seja universal, mas individual.
Mas ao final do filme temos a surpresa: ele planejou sua morte e da sua companheira. Esta atitude causou a divisão entre os expectadores, pois, questionamo-nos até onde vai à moral na defesa pelo que acreditamos, principalmente, quando se trata de uma opinião pouco apoiada pelo sistema. Este ato se torna imoral à medida que se atenta contra a própria vida e se deixa o outro morrer. É uma coragem que parte de uma motivação esfacelada. Mesmo que o intuito seja defender a vida permitindo situação de morte. É uma coragem inútil, pois, o fim não é o próprio homem, embora Gale acredita-se nisso.
Enfim, temos um homem corajoso e muito capaz, mas que poderia utilizar de outros meios para lutar pelo que acreditava meios estes que sejam morais. Teria a oportunidade, mesmo com a corrosão estrutural, de “driblar” tudo isto e iniciar uma luta. Luta esta que, não teria o que se questionar moralmente, pois afirmaria uma proposição sem negá-la ao mesmo tempo. Contudo, ele incorreu no mesmo erro que o Estado, que justifica a pena de morte para proteger a vida. Ou seja, caiu no erro que desejava combater: a contradição de defender a vida através da pena de morte.

O constitutivo da natureza humana em Immanuel Kant

A produção deste vídeo está inspirada na discussão em sala de aula apresenta pelo graduando Jorge Vanderlei da Conceição do 5º período do Curso de Licenciatura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Com o intuito de produzir uma reflexão em torno da problemática que envolve o homem, o Grupo Pallotti Produções apostou alto. Com um "orçamento bilionário", produziu um pequeno documentário em um dos cartões postais mais famosos da "cidade de 1º mundo".

Visando despertar o expectador para a discussão em torno da moral, da ética e do cumprimento do dever, o vídeo relembra as idéias do filósofo alemão, Immanuel Kant, sobre o que é o homem (cidadão do mundo) e se podemos falar de um constitutivo de sua natureza.

A todo o público... a equipe de produção deseja que o material produzido possa ser um apoio para a construção de um pensamento próprio e um questionar-se a si mesmo.

Bom Estudo!

A Psicanálise como experiência Ética

CADERNO DE ATIVIDADES REFERENTE AO VÍDEO

MATERIAL COMPLEMENTAR


A Psicanálise como experiência ética. por Daniel Omar Perez


Segundo o texto escrito por Daniel Omar Perez (além da lei) a psicanálise é a experiência sobre a relação do sujeito com o desejo, na tentativa de satisfação frente à castração simbólica.
Entre o pai da psicanálise e Lacan existe um esforço explícito de colocar ou posicionar esta ciência no estatuto do saber científico.
Freud mostrou que a psicanálise era uma novidade que vinha a destronar o lugar do reinado do sujeito da consciência. O empreendimento psicanalítico buscava constituir – se como terapia e como reflexão da cultura.
Lacan não é omisso no debate, a insistência com a cientificidade da psicanálise aparece na forma de uma aproximação com a lógica e a matemática. A psicanálise não podia ser uma ciência da natureza, como não pode ser um modo da matemática. Entretanto entre Freud e Lacan há uma diferença que está além da escolha do modelo de cientificidade mal sucedida.
Por outro lado a busca de formas, fórmulas, formalização, grafos, matemas e interpretações filosóficas permitiram a Lacan organizar as condições de possibilidade daquilo que entendemos por desejo, estruturar o circuito pulsional e compreender a experiência analítica (experiência de tratamento) como experiência ética. Para Lacan o inconsciente não é – nunca foi – o âmbito das trevas, o irracional, a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística ou a uma relação de oposição neutralizada com a razão. O inconsciente está estruturado como uma linguagem, dirá Lacan.
A filosofia de Kant e Nietzsche marcou os limites da razão e reelaborou a noção de irracional. Nessa história, Freud não sugeriu uma espécie de nu selvagem da razão, mas o funcionamento de outro mecanismo, com outro regime de causas que aquele suportado pelo registro da consciência ou da natureza.
Porém Lacan, em vez de recorrer aos mitos, modela construindo esboços de aparelhos em relação com a linguagem e com aquilo que ela não alcança. Assim, o aparelho do psiquismo humano dispõe – se a partir dos registros do real, do simbólico e do imaginário. Registros estes que permitem trabalhar a relação do sujeito com o desejo como uma experiência ética. É assim que Lacan chama aquilo que está no próprio princípio da entrada na psicanálise.
Enfim, a máxima do sadismo lúdico não nos confronta com o desejo, é a partir do outro que a ordem nos solicita. Em última análise, o sádico é objeto.


O que entendemos por psicanálise em relação à experiência ética?


Qual é a interpretação da psicanálise como experiência ética?
A psicanálise tem que ser pensada a partir da regra, do exemplo para poder agir com os outros. A psicanálise como experiência ética e atitude ética. A ética tem mais a ver com desejos do que com relação com os outros. Lacan coloca a psicanálise ao registro do trabalho científico, uma verdade que tinha consciência, mas não se tratava com a filosofia da mente. A psicanálise não é uma filosofia da mente, mas uma terapia e uma reflexão da cultura. Não é uma terapia como qualquer outra, mas de algum modo, um tratamento terapêutico da neurose e o modo de compreender o produto da cultura.
Com isso, o psicanalista desenvolve diferentes modos, nos quais a psicanálise observa o tratamento clinico entendendo a cura nas suas diferentes perspectivas. E dentro da própria psicanálise, encontramos Freudiano, Lacaniano,..., com diferentes modos de entender a própria terapia e o próprio tratamento das neuroses.
Os críticos literários também tiveram um grande trabalho de análise sobre textos, no que procuraram na figura aquilo que vivia inconsciente entre a escrita e o autor. Com isso, Lacan é exigente no debate e na insistência quando quer aprofundar a psicanálise. Ele tentou levar adiante de um discurso de investigação e de justificação que se identifica com o caráter analítico, e isso não parou por aí, na década de cinqüenta, no qual, deu a mesma continuidade com o próprio Lacan.
Não há como colocar uma psicanálise no interior de uma epistemologia pautada pela a dicotomia mente/corpo, se não apenas como equívoco. Uma psicanálise se relaciona com a ética, como uma experiência da relação do sujeito com os próprios desejos em quanto às regras os separa de um lugar para outro.
O inconsciente nunca foi o âmbito das trevas, a caixa preta ou qualquer coisa que passa a reduzir a uma experiência mística com uma relação de oposição não comprometedora com a ciência. Nisso, a filosofia de Kant marcou o nível da razão e reelaborou a noção de irracional. O inconsciente está estruturado com a linguagem, no qual, dizia Lacan. Não se trata de um semblante, do silêncio, de um falar ou de qualquer coisa, trata-se de entender a lógica, que aparece na superfície significante, de ligação, percepção e contradição.
O aparelho típico humano se estrutura a partir do registro do real, do simbólico e do imaginário. Registro esses que permitem trabalhar a relação do sujeito como desejo e experiência ética. É assim que Lacan chama aquilo que está no próprio princípio da entrada na psicanálise por parte do analisando.
No entanto, Lacan formula a pergunta que atravessa o analisando no início da análise. Pergunta-se: devo eu cometer ou não ao imperativo do super-eu? Para deixar imóvel ter no inconsciente. Diz Lacan e que além do mais, prever cada vez mais na sua instância, na medida em que a descoberta analítica progride, e que o analisando vê defendendo a sua vida. A pergunta pelo devo ou não comprometer ao imperativo super-heróico. Não se restou de uma ética do viver, muito menos de uma ética da prudência ou da afinidade. Lacan costuma dizer o alcance e também o limite que aparece na ética de Aristóteles.
Em todos esses modos de determinação do agir, alcançamos um bem em todos os sentidos possíveis. Quando a gente age com prudência, alcançamos à felicidade; quando o sujeito age em função da lei, alcança a virtude; e quando o sujeito age em função da norma, alcança o bem-comum. Mas, Lacan chama atenção para algo anterior, e implantar a palavra “categoria”, que significa a “coisa”. A “COISA” é anterior em qualquer coisa, o bem da realidade do sujeito em memória própria. Lacan diz que algo se organiza em torno de uma coisa vazia (um vazio).
O sujeito tem a sensação de que alguma coisa se perdeu. O objeto que não sabe que se perdeu na psicanálise se chama coisa, que muitas vezes é representado como fenômeno. A separação do filho e da mãe primordial produz o trauma. Trata-se de um rompimento afetivo de maternidade. É uma busca constante do objeto que foi perdido. Esse objeto perdido é aquilo que orienta o encaminhamento do “sujeito” que o faz para tratar de reencontrar o seu objeto. O trajeto dessa luta estar orientado pelo princípio fraterno de realidade, do real.
O princípio de prazer guia o homem do significante para o insignificante, mas a coisa do objeto perdido não é insignificante, preferir a morte é um pulo para a filosofia. Nesse sentido, a questão ética segundo Lacan, articula-se por meio de uma orientação do referenciamento do homem em relação ao real, assim estar uma pergunta fundamental: existir em conformidade com seu próprio desejo? Na medida em que o desejo está para o além da lei, o risco de encontrar com o nada é inevitável; eis aqui a questão da cura do analisando que entra na relação com o desejo.
A ética do desejo é uma ética sem exemplo, é a abertura para aquilo que não se fecha. Certamente o para além da lei, demanda uma gnosiologia e experiência ética. O vazio da coisa é preenchido temporalmente por coisas que a principio é constituído por objetos que sustenta de uma representação simbólica por uma imagem sublime. Pode-se dizer que se trata de uma fantasia arcaica, como aparecem nos desenhos animados do Patolino e Tom e Gerry, no qual, vai atrás de um objeto de desejo para depois arrebentar, só que, na cena seguinte o objeto volta na sua forma original, ficando novamente novo. O que encontramos aqui, na fantasia arcaica, é de algum modo encontrado na arte, na ciência e na religião.
É a partir do outro que a ordem nos solicita. Em última análise, os sádicos é objeto no sujeito, assim que o dever seria um recalque pela obediência da lei. O gosto do sádico não seria propriamente um para além da lei, uma transgressão da lei super-heróica. Mas uma afirmação da lei de que é possível alcançar esse gosto último que a outra lei proíbe pra tentar regular e determinar a relação entre o sujeito. O sádico se trata da desmedida da lei, da renegação da calculação simbólica por meio do mecanismo da sublimação.



CONTEXTUALIZAÇÃO:


Sigmund Freud (Příbor 1856-1939) foi um médico neurologista judeu-austríaco, fundador da Psicanálise. Interessou-se inicialmente pela histeria e, tendo como método a hipnose, estudou pessoas que apresentavam esse quadro. Mais tarde, com interesses pelo inconsciente e pulsões, entre outros, foi influenciado por Charcot e Leibniz, abandonando a hipnose em favor da associação livre. Estes elementos tornaram-se bases da Psicanálise. Freud, além de ter sido um grande cientista e escritor (Prémio Goethe, 1930), possui o título, assim como Darwin e Copérnico, de ter realizado uma revolução no âmbito humano: a idéia de que somos movidos pelo inconsciente.
Freud, suas teorias e seu tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. Suas idéias são freqüentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico.

Jacques-Marie Émile Lacan (1901 - 1981) foi um psicanalista francês, formado em Medicina, passou da neurologia à Psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e, a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado do sentido da obra freudiana, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).


GLOSSÁRIO:


Cientificidade: caráter do que é cientifico (a essência da conta na matemática). Caráter científico de alguma cosa.
Castração: é aquele que impede de ser eficaz, ou aquele que limita ou anula a iniciativa de alguém.
Consciência: A consciência é uma qualidade da mente considerando abranger qualificações tais como subjetividade. No sentido psicológico, consciência tem duas acepções. Significa conhecimento de si: "tenho consciência de quem sou". Presença a si mesmo.
Desejo: O desejo é uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação. É uma tendência algumas vezes consciente, outras vezes inconsciente ou reprimida. Quando consciente, o desejo é uma atitude mental que acompanha a representação do fim esperado, o qual é o conteúdo mental relativo à mesma.
Destronar: renúncia voluntária, perda de liderança, prestígio.
Lógica: lógica Kantiana que se funda na análise crítica dos princípios puros do entendimento. Aquela que estuda as formas e leis do pensamento, com vistas a determinar quais destas conduzem a verdade e as quais ao erro.
Lúdico: relativo á tendência ou manifestação (artística ou erótica) que surge na infância e na adolescência sob a forma de jogo.
Neurose: O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose e se refere a qualquer desordem mental.
Matemas: Conhecimento da ciência. Uma ciência que estuda as grandezas mensuráveis do mundo físico, bem como sociais e econômicos e que leva em conta a noção de movimento.
Mística: Conteúdo de uma idéia, causa, instituição etc..., ou a atmosfera ou aura da perfeição, verdade, excelência incontestável . Tendência para a vida religiosa e contemplativa.
Mecanismo: conjuntos de sentimentos, representações e tendências comportamentais quando o individuo percebe uma ameaça psíquica, e que o protegem da angústia, de uma tomada de consciência dos conflitos e perigos internos e externos.
Psicanálise: Psicanálise, Teoria da alma (“psique”), segundo definição dada por Freud (1948), neurologista austríaco, e seu fundador, é uma disciplina científica que consiste num método de pesquisa cujo objeto é tornar clara a significação inconsciente das palavras, ações e imagens mentais.
Simbólico: Campo de reencontro, estruturação e tomada de sentido dos fenômenos como uma linguagem; um dos três registros essenciais (juntamente com o real e o imaginário) do campo da psicanálise segundo J. Lacan.
Sadismo: Satisfação, prazer com dor alheia. Caracterizada pela obtenção de prazer sexual com a humilhação ou sofrimento físico.


ATIVIDADES PROPOSTAS:


1-Referente ao texto estudado sobre a psicanálise, crie uma história em quadrinhos apresentando um conceito de fantasia arcaica.


2-Em grupo de três componentes, discuta os principais pontos relevantes do vídeo apresentado sobre a psicanálise.


3-Faça um comentário do vídeo “A Psicanálise como experiência Ética” contendo quinze linhas.


4-Trazer para a próxima aula um conceito do que a sociedade entende por ética para ser apresentado e discutido em sala.


5-Relacionar os dois textos com o vídeo e estabelecer um quadro comparativo através de um cartaz.


6-Reunir-se em grupo e criar uma atividade de palavras-cruzadas, onde os grupos trocarão com os outros esta atividade para que cada grupo resolva uma proposta diferente.


INDICAÇÃO DE FILMES:

- Desenhos animados do Tom e Gerry, Patolino, Papa-léguas.


- O Homem­-Aranha
Título Original: Spider-ManGênero: Aventura Tempo de Duração: 128 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2002


- Matrix
Título Original: The MatrixGênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 136 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 1999


- Inteligência Artificial
Título Original: Artificial Inteligence: A.I. Gênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 146 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2001


- A Laranja Mecânica
Título Original: A Clockwork OrangeGênero: Ficção CientíficaTempo de Duração: 138 minutos. Ano de Lançamento (Inglaterra): 1971


- O Amigo Oculto
Título Original: Hide and Seek Gênero: SuspenseTempo de Duração: 105 minutos. Ano de Lançamento (EUA): 2005



LIVROS:


ARRIVÉ, Michel. Lingüística e: Freud, Saussure, Hjelmselv, Lacan e outros. São Paulo. Ed. da Universidade de São Paulo, 1994.
BEIVIDAS, Waldir. A psicose e o discurso da ciência. In: Sobre a psicose (JOEL BIRMAN, Org.), Rio deJaneiro,. Contracapa Ed., 1999.
BIRMAN, Joel. Entre cuidado e saber de si. Sobre Foucault e a psicanálise. 2 ed.. RJ. Relume Dumará ed., 2000. ed.., Nova Fronteira ed.., 1986.
COELHO DOS SANTOS, Tânia. A difusão da psicanálise na família: um estudo de seus efeitos sobrea mulher. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, 1982. PUC, 149 pp, Memeo.
COELHO DOS SANTOS, Tânia. As estruturas freudianas da psicose e sua reinvenção lacaniana. In: Sobre a psicose. Rio de Janeiro, Contra capa ed., 1999.
DESANTI, J.T. Galileu e a nova concepção de natureza. In: História da Filosofia, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1995.
DUMONT, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. RJ, Rocco ed., 1993.
FERRATER MORA, José. Dicionário de filosofia. Lisboa. Publicações D. Quixote ed.., 1991.
FREUD, Sigmund . Três ensaios sobre a sexualidade. In Obras completas. Vol. VII, Rio de Janeiro, Imago ed,., 1980.
GUENANCIA, P. Descartes. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1991.
JACOBSEN, Mikkel Borch. Lacan: el amo absoluto. Buenos Aires, Amorrotu ed.., 1991.
JAPIASSU, H e MARCONDES, D. – (1990) Dicionário básico de filosofia. RJ, Jorge Zahar ed., 1991.
JURANVILLE, Alain Lacan e a filosofia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1987.
KAUFMANN, Pierre. Dicionário enciclopédico de psicanálise. RJ, Jorge Zahar ed., 1996.
KOYRÉ, Alexandre. Considerações sobre Descartes . Lisboa, Presença ed.., 1992. Universitária ed., 1991.
LACAN, Jacques. O Seminário, livro 2: o eu na teoria e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro, 3a ed. Jorge Zahar ed., 1992. Zahar ed., 1992.
LEMOS, Cláudia T.C. Da morte de Saussure, o que se comemora? In: Psicanálise e Universidade. SP, Revista da Núcleo de Estudos da Pesquisa da PUC, no 3, 1995, pp. 41-52.
STEIN, E. J. ética filosófica e ética da psicanálise - a diferença fundamental. 1998. conferência.



SITES RELACIONADOS DE PESQUISA:


Sociedade Brasileira de Psicanálise
Psicanálise Freudiana
Psicanálise On-Line
Textos de Interesse Filosófico
A psicanálise


O conceito de Virtude em Immanuel Kant




Este vídeo foi produzido a partir da reflexão feita pela mestranda Sonia, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em sala de aula. O projeto de sua dissertação de mestrado pretende corroborar a idéia de que o princípio de virtude em Kant está relacionado a ética do dever e o mandamento de lei moral.

Por isso, o Grupo Pallottti Produções realizou este vídeo com o intuito de explicitar as idéias apontadas pela mestranda, como um material para facilitar e despertar o interresse para o estudo tanto da Filosofia quanto de seus filósofos.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O homem e a sua capacidade de alcançar a perfeição

"A falta de virtude é uma conseqüência da falta do agir moral"
A aluna Sônia, mestranda do curso de pós-graduação da Filosofia na PUC-PR, expôs o projeto de sua pesquisa científica para a elaboração de sua dissertação de mestrado. A problemática em torno de seu trabalho consiste em relacionar a antropologia kantiana ao princípio da virtude, como uma ética do dever. Nesse sentido, podemos fazer perguntas pertinentes para a compreensão desse trabalho, tais como: O homem é livre para realizar tudo aquilo que quer? Existe opção de escolha para agir de forma moralmente correta? Isto implica indagar-nos sobre qual o conceito de liberdade. E por fim, nos perguntarmos pelo próprio conceito de virtude.
Para Immanuel Kant (1724-1804), filósofo do período moderno, o estudo sobre a virtude e a moral foram sempre objetos de grande admiração pelo mesmo e umas das suas principais preocupações. As obras nas quais procura abordar estes temas, relevantes para sua vida intelectual, podem ser encontrados nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes (1785); Crítica da Razão Prática (1788); Crítica da Faculdade de Julgar (1790); Da Paz Perpétua e Outros Opúsculos (1795).
Devido à influência pietista, de caráter protestante luterana de tendência mística e pessimista. Isto é, que põe em relevo o poder do pecado e a necessidade de regeneração; e a influência do racionalismo: o de Leibniz, que Wolf ensinara brilhantemente, como também a de Hume que despertou Kant de seu “sono dogmático" e a literatura de Rousseau, que o sensibilizou em relação do poder interior da consciência moral, marcaram toda a sua educação e forma de pensar.
Em suas obras é possivel perceber que o conceito de dever ocupa um lugar essencial na percepção da moral. Mas segundo Kant o que é o conceito de dever? O que ele entende por lei moral? A prática do dever constituído através do mandamento da lei moral pode ser considerada como virtude? São nesses aspectos que Kant contraria o pensamento aristotélico que concebe a virtude como expressão do “justo meio”, ou seja, a virtude é aquilo que está entre o excesso e a escassez. A coragem, por exemplo, é tida como uma virtude, pois, está entre a temeridade e a covardia. Isto segundo o pensamento de Aristóteles. Já Kant entende que o dever nada mais é do que a restrição da vontade à condição de uma legislação universal. E desse modo, podemos dizer que a virtude é o cumprimento do dever através do mandamento da lei moral. E em se tratando de moral ela é concebida como uma ciência que nos ensina como devemos não tornar-nos felizes, mas dignos de felicidade. Pois, o fim do homem é a procura da felicidade. Portanto, a prática do dever guiado pela razão possui um fim ético, tanto para consigo mesmo quanto para como os outros, produzindo um agir constituído que é a virtude.

Roteiro para elaboração do filme de 50 min

O QUE É LIBERDADE?

Diretor: Cleiton Henrique Farias da Silva
Roteiristas: Cleiton Henrique Farias da Silva e João Francisco Cossa
Filmagem: Cleiton Henrique Farias da Silva e João Francisco Cossa
Produção Geral: Antonio Santana dos Santos e Vanderson Alves da Silva
Sonoplastia: Antonio Santana dos Santos e Vanderson Alves da Silva

Título do Filme: O que é Liberdade?
O filme será abordado em 8 blocos divididos conforme a necessidade. E terá como público alvo adolescentes entre 13 e 17 anos.
1º cena: O que é liberdade para as pessoas de hoje?
Contextualizar a opinião de liberdade na sociedade atual;Propostas de entrevistas: pessoas na rua.
2º cena: O que é privação de liberdade? Coletar a opinião de uma pessoa que se vê privada de liberdade;Propostas de entrevistas: um encarcerado ou um adolescente.
3º cena: Abordagem geral da filosofia.Conspecto geral do movimento da História da Filosofia em torno da liberdade como indagação fundamental para o homem;
Proposta de entrevista: Professor de filosofia.
4º cena: abordagem das filosofias em torno da liberdade.
Apresentar correntes filosóficas que retratam este tema;Propostas de entrevista: apresentação.
5º cena: base antropológica da liberdade. Situar sobre o fundamento da antropologia filosófica no concernente à visão da liberdade como direito essencial;
Proposta de entrevista: Professor de filosofia.
6º cena: os movimentos históricos em prol da liberdade.
Mostrar os movimentos em favor da liberdade, através de alguns vídeos ou fotos.
7º cena: a ditadura do mundo moderno;
Questionar as visões de liberdade propostas em nosso mundo moderno e mostrar a ditadura causada por este sistema;
8º cena: provocação;
Provocar o desejo de que mudar a realidade é possível, como já foi demonstrado na História;
Proposta do caderno de atividades:
- atividade em grupo para responder a algumas perguntas sobre o vídeo;
- levar algumas revistas para utilizar na constituição de um cartaz de colagem, para que depois expliquem o que quiseram retratar a partir do vídeo;
- produzir, usando da criatividade, um teatro improvisado retratam alguma situação de privação de liberdade;
- anexar alguns textos sobre este tema ao caderno de atividades para que estabeleçam comparações entre o vídeo e estes textos;

Materiais de apoio:
FILOSOFIA, Ensino Médio. Secretaria de Estado de Educação. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.129-142.
Complementos anexados ao caderno de atividade.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A natureza humana é boa ou má? Por que não agimos a partir da nossa razão?

"A concepção de Deus como um legislador moral"

O aluno Jorge Conceição, graduando do curso de Filosofia da PUC-PR, expôs de maneira parcial a intencionalidade e as características de sua pesquisa científica. O assunto em discussão tem por objetivo a elaboração de seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), baseando-se no resultado de seu projeto de pesquisa desenvolvido através da bolsa do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica). O problema abordado pelo mesmo situa-se na compreensão das obras de Immanuel Kant (1727 – 1804), nas áreas de Antropologia e Religião. Inicialmente, a problemática em torno do tema abordado parte de algumas indagações pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa, a saber: é possível compreender a filosofia antropológica kantiana como uma filosofia transcendental? Ou seja, é possível relacionarmos à natureza humana a pré-determinação da religião? Consideremos que a finalidade dessas duas perguntas consiste em solucionar o problema sobre o conceito de natureza humana em relação à religião vista a partir da ótica do cumprimento da lei.
Para Kant, o homem pode apenas conhecer o fenômeno, aquilo que se apresenta a nós, mas não pode conhecer a coisa em si, ou seja, o nôumeno, a sua essência. Este modo de pensar também é válido quando abordamos a condição da natureza humana, pois, qual é, de fato, a essência do homem? Ao tentarmos solucionar tal pergunta, incorremos no erro de descrever apenas as suas características, isto é, quando falamos de um determinado indivíduo, a partir de suas limitações, dizendo que ele é perverso, neurótico, doido, fanático, egoísta, covarde, mentiroso, enfim, “mau-caráter”, estamos nos referindo aos fenômenos vistos desse sujeito através de suas ações e de seus predicados. Por isso, não podemos dizer se a natureza humana é boa ou má, mas somente caracterizar as suas ações como sendo boas ou más.
É através desse raciocínio de trabalho que o aluno Jorge desenvolve a sua pesquisa, tendo como referência básica dois comentadores das obras de Kant, Hanna e Loparic. Contudo, o objetivo de sua pesquisa consiste em enfatizar outros aspectos da antropologia, da religião, da moral e da semântica kantiana. Procurando abordar quais são as condições de construir um juízo na antropologia que possa dizer algo sobre o homem. Seu intuito é demonstrar a relação entre a natureza humana e a constituição do mandamento moral. Para ele, não é só a lei que dita às regras para o sujeito, mas existe um campo simbólico definido pela cultura que motiva o indivíduo ao cumprimento da lei.
Desse modo, podemos caracterizar o conceito Deus nesta perspectiva de trabalho como um legislador moral. É ele quem motiva o sujeito para o cumprimento da lei moral, pois é dotado de significado e atua como um símbolo motivador e não justificador unido à estrutura lógica. Trata-se daquele pensamento corriqueiro do dia-a-dia: “devo agir dessa forma para receber como gratificação o reino dos céus e não o inferno!”. Esse é um exemplo de que a minha razão não age por si só, mas está vinculada a um agente externo que me motiva a agir dessa forma e não de outra, e isto pertence ao campo simbólico.
Sendo assim, Jorge utiliza Hanna para criticar Loparic, a fim de demonstrar o cumprimento da lei moral incentivado através dos símbolos e não apenas da estrutura lógica, ou seja, da supremacia da razão teórica em relação à razão prática. Estes aspectos e conceitos ressaltados no texto tratam de uma problemática que perdura há séculos e que não foram totalmente solucionados, e a partir disso, a importância de rearticular e trazer novamente para o centro a discussão em torno do que é o homem no século XXI.

A concepção de liberdade e suas implicações na vida de Jesus Cristo

Para discutirmos sobre o conceito de liberdade na vida de Jesus Cristo tomaremos como referencial de estudo dois filmes: “A Última Tentação de Cristo”, do diretor Martin Scorcese, e “Paixão de Cristo”, do diretor Mel Gibson. Ambos foram filmes de grande sucesso e repercussão na sociedade.
Antes de mais nada, procuraremos construir uma idéia do que é liberdade, sendo esta, capaz de nortear a nossa análise. São muitas as acepções para essa palavra, entretanto, todas possuem alguns aspectos em comum, a saber: condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos; podemos caracterizar a liberdade sendo essencialmente capacidade de escolha, pois, onde não existe escolha, não há liberdade. “Liberdade, essa palavra; que o sonho humano alimenta; que não há ninguém que explique; e ninguém que não entenda” (Cecília Meireles). E, a partir disso, podemos nos perguntar: Jesus Cristo teria sido um homem livre? Teve a capacidade de escolher ou tudo já estava pré-determinado?
No filme “A Última Tentação de Cristo” baseado no polêmico best-seller homônimo de Nikos Kazantzakis, Jesus é retratado como um ser humano que possui liberdade para fazer escolhas significativas em sua vida. No decorrer do filme há um conflito de identidade. Se apresenta um certo dualismo na vida de Cristo, pois, Ele pode escolher entre ser o Filho Unigênito muito amado e escolhido por Deus e, conseqüentemente, aceitar o sacrifício na cruz, como também pode optar por ser um homem comum e prático que deseja constituir família, ter um lar, filhos e desfrutar de uma vida serena e tranqüila no mais absoluto anonimato. Essa polêmica releitura de sua vida revela as fraquezas e mazelas da condição humana. O que vemos é um Jesus inseguro, orgulhoso, incerto quanto aos reais desígnios de Deus. Enfim, não divino, mas totalmente humano.
Já no filme “Paixão de Cristo”, a percepção é totalmente diferente, Jesus se mostra convicto de sua missão. No maior momento de angústia de sua vida no Getsêmani, onde suou sangue, Ele se manteve resoluto. Mesmo sofrendo com as tentações de Satanás, e, revelando sua condição humana quando diz: “Oh Pai, se é possível afasta de mim este Cálice!” Ele reverte sua opção de escolha na vida e age de modo livre quando continua seu discurso: “Porém não se faça a minha vontade, mas a Sua!”. Jesus assumiu plenamente a condição humana, sentiu angústia, medo, solidão, desespero e abandono: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?”. No entanto, mostrou-se totalmente livre, foi autor de sua própria existência, construtor de sua história, mesmo aceitando o projeto de Deus. Uma cena que corrobora perfeitamente essa idéia é quando Jesus no filme fala que: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo!”. A liberdade entendida aqui como um ser consciente capaz de fazer escolhas e ter autonomia sobre elas, revela o mais profundo anseio humano. A partir disso, podemos dizer que, em ambos os filmes são muito bem explorados os conceitos de liberdade, humano e divino. Contudo, ao contrário dos que pensam, no filme “A Última Tentação de Cristo”, Jesus não teria sido totalmente livre se tivesse feito a opção em descer da cruz, pois, assumiria a condição de um escravo de suas paixões, esquecendo-se de sua dimensão espiritual e vivendo de forma egoísta, pensando apenas em si mesmo. Por isso, apenas uma pessoa com liberdade total e pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos, seria capaz de morrer numa cruz. Como nos conta a história sobre a vida de Jesus Cristo.
É preciso reformular nossa concepção de liberdade. Isto é, não deixar-se levar por situações em que somos coagidos a agir dessa ou daquela forma. Fazer o tempo todo o que queremos não é ser livre, mas, escravos de nossos desejos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O conhecimento de si e a cura

A cura dos males que assolam a sociedade são derivados da falta de conhecer-se a si próprio

Este texto é escrito por Daniel Omar Perez, que faz parte do livro Filósofos e terapeutas: em torno da questão da cura, tendo sua primeira edição em abril de 2007 pela editora Escuta. O autor e organizador é licenciado em filosofia pela Universidade Nacional do Rosário, mestre e doutor em filosofia pela Unicamp, professor no programa de mestrado da PUC-PR e realiza sua formação de analista da Biblioteca freudiana de Curitiba.
A introdução tem como tema os filósofos que se tornaram terapeutas e médicos de si mesmos. Em uma perspectiva histórica, resgata a prática da cura, a utilização de terapias e a forma de evitar a dor e progredir no crescimento pessoal.
Constrói sua argumentação apresentando a preocupação dos filósofos em viverem de modo a alcançarem a felicidade. Isto teve como resultado novos pensamentos, novas práticas de vida e métodos de buscar a realização anulando os sentimentos que trazem o sofrimento.
Apresenta no contexto da Idade Média a busca da saúde psíquica pelas práticas espirituais na relação com a transcendente, como a ascese e a meditação. E condena a coibição que a Igreja exerceu sobre as curandeiras, ressaltando a abertura destas habilidades a todas as pessoas, uma ciência (conhecimento) acessível. Já no período moderno, retrata sobre o auto-conhecimento e a observação da natureza como melhores meios de terapia, com base no pensamento de Rousseau.
Cada um deve fazer o processo individual de crescimento. Por isso, a filosofia deve oferecer (proporcionar) condições para cada um fazer este caminho, na retomada da verdadeira prática terapêutica e em seu profundo valor. Colocando um bem acima de todos os interesses científicos e de pessoas que se utilizam deste meio para enganar e tirar proveito.
O movimento textual propicia o despertar e a reflexão sobre o assunto, conduzindo o leitor ao adentramento da idéia mais importante em toda obra. Por meio da explanação clara e acessível, deixa instruções válidas, pontos-chave de entendimento, proporcionando à penetração do verdadeiro significado deste itinerário percorrido pelos filósofos em torno da cura, a fim de retomar o significado da prática terapêutica.
Atividade realizada pelos alunos:
Antonio Santana, Cleiton Henrique, João Francisco e Vanderson Alves

sábado, 29 de março de 2008

Filosofia e o Cuidado de Si



A primeira parte tem como recurso o fantoche, expressando um indivíduo que está preocupado com o cuidado de si e que fala sobre os quatro grupos de expressões divididos na análise de Michael Focault sobre o princípio do cuidado de si. Esta parte acontece em um pequeno palco, que contém, ao fundo e acima, expressões do cuidado de si e os quatro grupos elencados. Temos, também, elementos ao fundo: o sol e a lua que representam a história em seu movimento.

A partir deste primeiro momento construímos um sentido próprio da apresentação. Objetivando mostrar a idéia do cuidado de si segundo a análise de Foucault em sua divisão nos grupos de expressões. Para assim demonstrar a idéia principal do texto em afirmar um enfraquecimento moral e epistemológico do sentido do cuidado de si, mostrado pela autora através de um conspecto histórico.

Todo o estudo abordado tem por referência o Livro "Filósofos e Terapeutas em Torno da Questão da Cura" que se encontra resenhada a sua introdução nos arquivos deste blog. O vídeo trata especificamente do primeiro capítulo "O Cuidado de Si Surgimento e Marginalização Filosófica" que foi escrito pela autora Salma Tannus Muchail.

sexta-feira, 14 de março de 2008

O nascimento da Filosofia "Do Mito à Razão"

O que levou o homem, a partir de determinado momento de sua história, indagar-se sobre o mundo e fazer filosofia? O nascimento da Filosofia pode ser compreendido como o surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Tudo era explicado a partir dos mitos, assim, a natureza era simplesmente considerada como algo divino. Partindo sempre do pressuposto de que “sempre existiu uma coisa” e por isso não se procura de modo racional conhecer a “real causa” de seus acontecimentos, pois é uma forma de conceber o Cosmos. Tudo isso foi uma visão de mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração em geração por séculos e que transmitiam aos jovens a experiência dos mais velhos. Como narrativas, os mitos falavam de deuses e semideuses (heróis) de outros tempos e, desse modo, misturavam a sabedoria e os procedimentos práticos do trabalho e da vida com a religião e as crenças mais antigas. Nesse contexto, os mitos eram um modo de pensamento essencial à vida da comunidade, ao universo pleno de riquezas e complexidades que constituía a sua experiência. Enquanto narrativa oral, o mito era uma maneira de compreender o mundo que foi sendo construído a cada nova narração. As crenças que eles transmitiam ajudavam a comunidade a criar uma base de compreensão da realidade e um solo firme de certezas. O homem se sente infeliz ao conceber um mundo desordenado, vivendo no caos, sem causas, sem explicação, independentemente de quais sejam elas ou sem algo que justifique os acontecimentos. Por isso, os mitos são enfocados a partir de uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrada na tradição oral, sendo isso o que se entende por teogonia. Vale ainda ressaltar que essas narrativas foram sistematizadas no século IX por Homero e Hesíodo no século VII a.c. Ao aliar crenças, religião, trabalho, poesia, os mitos traduziam o modo que os gregos encontravam para expressar sua integração ao cosmo e à vida coletiva. Os gregos a partir do século V a.c viveram uma experiência social que modificou a cotidianidade da polis grega: a vivência do espaço público e da cidadania. A cidade constituía-se da união de seus membros para os quais tudo era comum. O sentimento que ligava os cidadãos entre si era a amizade, a filia, como resultado de uma vida compartilhada. A filosofia propriamente dita é fruto do espanto e da admiração. É a desbanalização do banalizado. Isto é, aquilo que “todo mundo” considera normal e cotidiano é posto em “xeque”. As verdades aceitas e tradicionais são questionadas. Tudo enfim, mesmo aquilo que julgamos mais vulgar é objeto de discussão. Por isso, a Filosofia é uma ciência que preocupa-se com a totalidade, ou seja, sua pretensão é não aceitar passivamente as imposições do mundo sem antes investigá-las e questioná-las. Mesmo a narrativa mítica tentava, ainda que de forma não-racional responder as questões fundamentais para o homem, tais como: a origem e o fim de todas as coisas, a condição do homem e as suas relações com a natureza, com o outro e com o mundo, enfim, o sentido de existir. E esses foram e continuam sendo problemas que a Filosofia desenvolve no decorrer de sua história. Por isso, é importante que cada indivíduo assuma uma atitude filosófica e se coloque a pensar e refletir sobre tudo o que norteia a sua existência, não apenas tendo em vista formular respostas ou explicações, mas pelo próprio prazer de indagar-se.

A Filosofia como possibilidade de Cura

Na introdução do livro intitulado “Filósofos e Terapeutas em Torno da Questão da Cura”, o professor e organizador dessa obra, Daniel Omar Perez descreve de modo bastante sintético o que o livro pretende discorrer na continuidade de seus capítulos. Sabemos que a Filosofia é uma ciência muito antiga, desenvolvida entre os gregos a partir das narrações míticas; sendo que, podemos encontrar nesses 2.500 anos de História da Filosofia, uma busca incessante dos filósofos em constituir uma medicina própria do corpo e da alma. Capaz de identificar nossas limitações e encontrar meios para superá-las, ou mesmo, conviver com elas de forma harmônica, integrando todas as nossas potencialidades e complexidades.
De maneira ainda não aprofundada o autor faz uma elucidação sobre os filósofos que foram primeiramente terapeutas de si mesmos. Podemos dizer que estes pensadores não fizeram experimentos para comprovar a eficácia dos seus medicamentos, mas foram o próprio objeto de suas experiências. Isto é, aquela célebre frase escrita no pórtico do Templo de Delfos e proferida por Sócrates continua ainda hoje muito perturbadora: conhece-te a ti mesmo!
Os filósofos também atuaram como terapeutas, e na introdução do livro o autor nos fala que o intuito do livro é “dar notícia dos acontecimentos de uma história da qual se registraram os usos das mais variadas medicinas contra a depressão, contra a angústia, contra a impotência, para alcançar o prazer, a felicidade, o autocontrole, enfim, para evitar todas as formas da dor ou ajudar a suportar o sofrimento da finitude”.
Durante o processo de evolução do pensamento do homem e do contexto peculiar de cada época, os filósofos pensaram os problemas de modo bastante audacioso, pois, qual seria a pretensão de um filósofo se não em encontrar respostas e soluções para as inquietações suas e do mundo? Temos conhecimento de que o fim último da filosofia não é dar respostas prontas e acabadas, mas mesmo assim, podemos caracterizar cada filósofo como um ser em construção, que procura incessantemente uma sabedoria oculta aos olhos daqueles que não desejam vê-la.
Na História da Filosofia já tivemos uma pluralidade esplendida de personalidades, cada um sendo o “artesão de sua própria existência” e assumindo a sua própria faceta. “O filósofo já foi revolucionário como Jean-Paul Sartre e contemplativo como Santo Agostinho; conservador como Martin Heidegger e extemporâneo como Immanuel Kant; iconoclasta como Friedrich Nietzsche e profético como Karl Marx”.
A Filosofia como terapia é o encontro de si próprio, não existe uma receita que nos diga quais são os passos para a felicidade, essa busca é pessoal e intransferível. Cada ser humano deve percorrer o seu próprio caminho. A pedagogia da Filosofia consiste em propiciar as condições necessárias para que o ser humano possa ter um encontro consigo mesmo.
Todos esses pensadores que mencionamos acima, e aqueles que também não foram mencionados são testemunhas de que a Filosofia mudou totalmente o sentido de suas vidas. Cada um com seu “jeito próprio” tiveram a sensibilidade de não apenas sobreviver neste mundo, mas vivenciá-lo em sua plenitude, sem entrar aqui no mérito de julgar se isso foi bom ou ruim. O fato é que, se ainda estudamos homens que no passado pensaram sua existência, é porque um legado muito importante, não de informações, mas de pura sabedoria, eles nos deixaram. E por isso foram grandes terapeutas de sua própria alma.